Dona Uva quer faturar 4,5 milhões a vender uvas de mesa

Objetivo é produzir três mil toneladas e a preferência é pelo mercado interno. Colheita de uvas brancas, rosadas e pretas arrancou no fim de julho e termina em novembro.
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As primeiras colheitas das uvas de mesa arrancam no fim de julho e vão até novembro. São cinco meses consecutivos a apanhar uva de mesa, uma fruta que já chega aos portugueses com ou sem grainha. Os números impressionam: um milhão de cachos de uvas pretas, rosadas e brancas apanhadas e tratadas manualmente por uma equipa de 200 operadores nos 80 hectares que se encontram na região do Ribatejo e Oeste.

Para este ano está previsto que a Dona Uva - marca da Frutalmente, a primeira organização de produtores de uvas de mesa no país, nascida em 1950 - venda três mil toneladas de uvas de mesa nas grandes distribuidoras, com 80% do produto a ir para hiper e supermercados e o resto para mercados locais e regionais. Em 2021, foram comercializados 2,4 milhões de quilos de uva tinta e branca. E neste ano? "Este ano é "nim" por causa das condições climáticas", explica o diretor executivo da Frutalmente ao Dinheiro Vivo. "Gostaríamos de chegar às três mil toneladas de venda de uva, talvez não seja possível, mas a esperança é a última a morrer", diz Mário Rodrigues.

O valor de venda da uva tem vindo a aumentar, devido aos custos da produção. O responsável explica que os preços de "adubos, caixas de cartão para transporte - só estas aumentaram 30% -, tudo o que envolve o desenvolvimento da planta, subiu. Mais o custo da energia e do transporte até ao cliente".

De 2021 a 2023 o investimento deverá ascender a 1,5 milhões de euros e a marca prevê faturar este ano até 4,5 milhões, ou seja, 45% dos dez milhões de receita esperada pela Frutalmente, que em 2021 faturou 8,5 milhões de euros. "Aumentando a produção, as vendas sobem e, consequentemente, a faturação", conclui Mário Rodrigues.

Ao longo do tempo, a produção tem vindo a aumentar de forma gradual: no ano passado, a área de produção cresceu 15 hectares, neste ano serão outros 15. "Têm sido realizados investimentos dos produtores, que são atualmente dez, ocupando-se mais terrenos e hectares para uma maior produção." É a própria lei da natureza que o exige:

"As vinhas duram mais ou menos 18 anos e vão sendo renovadas", conta.
A expansão também traz mais trabalhadores a um negócio que junta gerações - é possível ver trabalhar avó, filho e neto. Mas nem sempre é fácil contratar, principalmente jovens. "Tivemos de aumentar os salários para sermos mais apelativos e não há muitos jovens a trabalhar aqui. Esta área é difícil e qualquer dia podemos querer fruta e não ter", lamenta o diretor executivo.

Para já, a uva existe e em variedade, com ou sem grainha. E se há quem prefira a tradição, "porque a grainha faz o fruto crescer" e a uva é mais económica, há cada vez mais adeptos das uvas sem grainha. Estas, no entanto, são geneticamente modificadas, demoram mais tempo a produzir e requerem mais mão-de-obra, o que se traduz num preço de venda que tem crescido de ano para ano . "Tem sido bem aceite pelos consumidores, sobretudo pelas crianças, porque são mais fáceis de comer. Todos os anos há novas variedades e acho que vão ser o futuro", acredita o responsável.

A adaptação vê-se no terreno. "No ano passado foram 15 hectares sem grainha. O futuro dirá se vamos chegar aos 25. Temos de olhar para as necessidades do mercado. Por agora, 80% da produção é com grainha e 20% sem", conta Mário Rodrigues ao Dinheiro Vivo. Mesmo porque a concorrência tem apostado na uva sem grainha e há mercado para avaliar na vizinha Espanha.

Comparando com Portugal, Espanha, França e Itália são mais fortes e, por isso, a exportação é em pequena quantidade e dirige-se a países como França, Holanda e Bélgica. É privilegiado o comércio interno. "É esta a opção, pois temos mercado para produzir internamente; o povo português valoriza as uvas nacionais, ao contrário de países que não têm a tradição da uva de mesa", explica.

Mas há planos para exportar neste ano? "Não sei se vai acontecer, pois são negócios pontuais e acontecem quando o mercado nacional não dá garantia de escoamento de todo o produto", reforça. Falando de exportação, o responsável explica que não há alternativas ao formato de venda. "As pessoas estão habituadas a ir às compras às grandes superfícies e é lá que temos o nosso produto". Será difícil vender a marca por si? "É impossível. A nossa margem já é pequena. Se nos pomos a vender de porta em porta os custos sobem ainda mais e a margem vai-se".

Novidade é a nova produção de uva de mesa no Alentejo, que conta com dois produtores e que vai arrancar no próximo ano. Numa área de 20 hectares, serão produzidas uvas de mesa sem grainha, num total de cerca de 300 toneladas.

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