Dono do Pão de Açúcar vende todas as suas ações

O empresário brasileiro Abilio Diniz, filho do fundador do Pão de Açúcar, vendeu quase todas as ações que detinha no maior grupo de retalho do Brasil.
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A primeira operação, feita pelo banco Itaú na Bolsa de Valores de São Paulo, na terça-feira, envolveu mais de quatro milhões de ações detidas pela Península, empresa de investimento da família Diniz, a 108,32 reais (35,62 euros) cada. Já na quarta-feira, Abilio Diniz vendeu mais quase 18 mil ações. Ao todo, a família Diniz arrecadou mais de 447 milhões de reais (cerca de 147 milhões de euros) com as duas operações, desfazendo-se, assim, da quase totalidade do império retalhista

Foi com o seu pai, o emigrante português Valentim dos dos Santos Diniz, que Abilio Diniz inaugurou o primeiro Pão de Açúcar, em 1959, em São Paulo, perto da doçaria aberta por Valentim 11 anos antes. No final da década de 1970, o grupo já contava com 60 supermercados espalhados por 17 cidades do Brasil e, em 1970, foi inaugurado o primeiro supermercado Pão de Açúcar em Lisboa. Em Portugal, o grupo veio a ser adquirido pelo Jumbo e, mais tarde, pela Auchan.

O império tremeu no final da década de 1980, mas não caiu. O Brasil congelou preços para combater a inflação, os irmãos Diniz entraram em guerra pela detenção de ações e, a cereja no topo, Abilio foi sequestrado em 1989, sendo libertado depois de 36 horas de sequestro. Para evitar a falência, depois de se ter visto obrigado a fechar 400 lojas e a despedir mais de 30 mil funcionários, o empresário vendeu imóveis, contraiu empréstimos, redesenhou a estratégia e, em pouco tempo, o grupo voltou a adquirir novas unidades.

Mas, no ano passado, a visão de Abilio Diniz começou a chocar com a do grupo francês Casino, que, nos termos de um acordo assinado em 2006, exerceu em 2012 a sua opção de compra de ações da holding Wilkes, que controla o Pão de Açúcar. Abilio deixou em 2013 o cargo de presidente de administração do grupo, que tinha como vitalício mesmo depois da venda aos franceses. A família Diniz deixa por vender apenas 742 ações, que valem cerca de 80 mil reais.

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