As tendências são indícios de caminhos a percorrer no devir da História da humanidade, são marcas de futuros possíveis inscritas no presente. Quando na infância as tendências podem também ser alertas que despoletam as ações para que certas realidades não cheguem a acontecer ou não assumam uma magnitude catastrófica.
Por isso é tão importante estudar o futuro observando as tendências que podemos identificar no presente. Por isso as disciplinas da prospetiva e do planeamento estratégico são tão importantes no mundo.
Hoje as mudanças acontecem a grande velocidade e a uma escala sem precedente. Em poucos meses o mundo inteiro estava a responder com as mesmas armas - distanciamento social, uso de máscara e confinamentos parciais - a uma terrível pandemia. Hoje também, embora que a ritmos diferentes todos os países estão a vacinar toda a população, seguindo no essencial os mesmos critérios. A globalização permite esta cadência e esta rapidez.
Mas que tendências podemos encontrar nas economias atuais? Para que realidades temos de acordar? Abordamos hoje duas: o envelhecimento da população e a concentração urbana.
O envelhecimento da população exige uma nova perspetiva sobre a demografia, o contrato social e a organização social. Ele exige também uma nova e extensa gama de novos produtos e serviços. Uma oportunidade ou uma ameaça?
A percentagem da população com mais de 65 anos não para de aumentar e a tendência é de continuar a aumentar.
Intimamente ligada a esta tendência e como sua consequência surge o crescimento das migrações - para evitar o declínio da população; novas formas de habitação - habitação assistida, casas mais pequenas, os lares mostraram com a pandemia muitas debilidades; novas formas de família - famílias mais reduzidas, crescimento do número de pessoas isoladas.
Torna-se também necessário pensar em como garantir os rendimentos dos idosos e reformados. Os atuais níveis de substituição de rendimento, retirando poder de compra aos reformados, diminuem os mercados internos uma vez que este é o maior grupo populacional em crescimento. Com a procura interna em declínio o investimento tende a diminuir ou a concentrar-se em áreas de exportação. De qualquer modo é um fator de empobrecimento dos países que não encontrarem formas de garantir os rendimentos dos idosos.
Portugal com as sucessivas reformas da segurança social está particularmente vulnerável a este efeito nefasto.
O crescimento está a concentrar-se em cidades emergentes em países em desenvolvimento. Nos últimos anos várias cidades chinesas surgiram quase do nada e afirmaram-se como polos de desenvolvimento económico. Mas não só chinesas, também indianas, brasileiras, coreanas, etc. Crescem já imersas nas novas tecnologias, nas novas formas urbanísticas, integradas nas novas cadeias produtivas, concebidas nos novos cânones da digitalização e da economia verde.
É certo que algumas periferias de Lisboa e do Porto assumiram algum protagonismo, como Mafra ou Vila Nova de Gaia nos últimos anos, mas novos polos urbanos em forte crescimento não surgiram ainda. Mesmo
o Porto, incluindo a sua zona metropolitana, é uma cidade de terceira grandeza no contexto mundial. Portugal também aqui deve repensar o seu desenvolvimento regional, no sentido de reforçar as suas urbes e de lançar novos polos urbanos.