É controverso sugerir que o crescimento económico tem estado intimamente associado a combustíveis fósseis baratos e a outros recursos naturais.
Mas à medida que começamos a compreender que o petróleo vai tornar-se um recurso cada vez mais difícil de substituir se não encontrarmos alternativas, e que a Terra e a sua atmosfera tem uma capacidade limitada de absorver a porcaria que colocamos nela, o culto do crescimento económico a todos os custos pode começar a ficar um pouco tremido, conta a Tree Huger.
É verdade que muitos argumentam que com a desmaterialização da economia e o aumento do uso das renováveis é possível perseguir um crescimento sustentável, mas outros consideram que é preciso avançar para uma sociedade pós-crescimento.
Actualmente o nosso bem-estar é medido através do Produto Interno Bruto (PIB), e este indicador é tão viável como medir a dieta de alguém somente pelo que come, e presumindo que quanto mais come, melhor vai ficar.
Quais as alternativas ao PIB? Aqui estão algumas delas.
1 - Economia de não crescimento
Como é que seria uma economia de não crescimento, e enquanto alguns consideram o conceito como algo próximo de heresia, a recente crise financeira trouxe o conceito de não crescimento ou de economia de países estáveis de volta à ribalta. Ao aprendermos a viver dentro dos nossos limites ecológicos e restringindo a nossa actividade económica para o que pode ser alcançado razoavelmente dentro da capacidade do Planeta Terra, os proponentes argumentam que podemos livrar-nos da devoção esclavagista à passadeira económica.
Mas é importante relembrar que a nossa economia não vai desaparecer, iria somente aprender a arte da moderação. De facto, numa entrevista recente com o fundador do movimento Transition Rob Hopkins, o perito em economia de países estáveis, Peter Victor, chegou a sugerir que o capitalismo pode ser possível sem crescimento económico, poderia ser muito diferente do sistema que temos hoje.
2 - Produto Interno de Felicidade
Tem sido muitas vezes notado que não existe nada de errado com o PIB em si, é só que foi elevado de um simples indicador de actividade económica para algo que nunca foi criado - uma métrica para o nosso bem-estar colectivo. Este indicador faz um mau trabalho em medir o quão felizes e saudáveis nós estamos.
Quando existe um derrame gigantesco de petróleo e as equipas são chamadas para limpá-los e os advogados entram em acção para resolver a situação - o PIB cresce. Quando uma guerra começa e existe um aumento das despesas em armamento e em cuidados de saúde, o PIB volta a crescer de novo. Mas quando um vizinho ajuda outro vizinho simplesmente porque é a melhor coisa a fazer, o PIB não se mexe um milímetro. De facto, o PIB por vezes desce quando os serviços pagos são substituídos por um acto de simples decência humana.
Resumindo, o PIB falha ao diferenciar entre o "bom crescimento" e o "mau". Mas progressos estão a ser feitos em medidas métricas mais precisas para medir a qualidade de vida actual - e medir a felicidade está a tornar-se num sério assunto de negócio.
Algumas pessoas avançaram com o conceito de Contas Nacionais de Bem-Estar como meio de aumentar os maiores valores neutrais do PIB. Outras versões deste conceito incluem o pequeno reino do Butão que introduziu o Produto Interno de Felicidade como medida alternativa de progresso, e o Índice Planeta Feliz da New Economics Foundation, que mede tanto a felicidade humana como a sustentabilidade ecológica.
3 - Crescimento verde e a Economia da Biomimética
Para aqueles que acreditam que o crescimento económico e a sustentabilidade ecológica não são mutuamente exclusivos, existem um desafio sem precedentes sobre como reformar a nossa economia extractiva para que se torne em algo real. Desde perseguir objectivos energéticos de energia limpa a nível global até restaurar áreas naturais como forma de estímulo económico, não existem dúvidas de que há muito trabalho a ser feito que iria contribuir para restaurar as áreas naturais como forma de crescimento económico, e o bem-estar mútuo. Mas se estas abordagens vão ultrapassar as limitações do PIB, é necessário alterar o nosso sistema económico para que funcione como um ecossistema.
Desde transformar uma antiga fábrica de embalamento de carne num local com comércio, comida local e empregos, até reciclar papel de forma natural, existem vários exemplos.
Mas para tornar-se num sistema mais abrangente, é necessário lançar sinais aos mercados para mudar o comportamento dos consumidores e das empresas: obrigando os poluidores a mudar a sua atitude; a recompensar entidades que promovem o bem-estar e protegem o meio-ambiente; e enfatizando o facto de que economia é dependente da ambiente e da cultura humana. Se estas reformas vão ser suficientes para manter o crescimento permanece um mistério mas vai requerer uma mudança fundamental do nosso foco só no PIB.
4 - Economia de plenitude e a economia partilhada
Num sistema onde existem muitas pessoas sem trabalho, e muitos outros estão a trabalhar horas excessivas, a economista Juliet Schor sugere que é tempo de aprendermos a partilhar.
Na sua visão para uma Economia de Plenitude, é possível conseguir alcançar 0% de desemprego ao diminuir as nossas semanas de trabalho e libertando mais tempo para o lazer, projectos, auto suficiência, tele-trabalho e viver as suas vidas. O resultado vai ser uma diminuição das horas de trabalho para quem está empregado, e emprego para aqueles que querem trabalhar, aumentado assim o bem-estar de todos.
De muitas formas, estas visão joga bem com o crescimento massivo em consumo colaborativo e na economia partilhada. Só porque precisa de trabalho não significa que queira trabalhar cinco horas por semana. Só porque precisa de ir de A para B não significa que precise de ter um carro, com as opções transportes públicos, mota e bicicleta a serem cada vez mais uma alternativa real. No final, o dinheiro poupado pode servir para outras coisas. Pode ir passar uma férias de 3 semanas à Tailândia, com o problema do PIB a permanecer, ou pode usar estas reduções de custos para se libertar e viver uma vida mais simples e com menos stress.
5 - Não é a economia, estúpido!
As escolhas que fazemos diariamente reforçam o valor do nosso sistema económico. De cada vez que decidimos não ir às compras e assim ajudarmos um vizinho, ou ficar com a família, ou até poupar nas emissões e dormir uma soneca - estamos a enviar uma mensagem de que existe mais na vida do que a saúde da economia. Quer seja um jovem de 16 anos a construir uma pequena casa para não pagar renda no futuro, ou uma decisão corajosa de só possuir 100 coisas, ao sair da passadeira económica as pessoas libertam a sua vida, demonstrando aos outros que é possível parar para respirar.
O foco no Produto Interno Bruto tornou-se uma obsessão pouco saudável e numa influência pervertida sobre o bem-estar humano e na felicidade, mas só porque o permitimos.