E se conseguíssemos que os alunos só ficassem 15 minutos no banho?

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Mais do que investigar e desenvolver a próxima extraordinária

tecnologia, a Micro I/O encontrou o seu nicho de mercado na

"exploração do uso criativo da tecnologia existente". Ou

seja, porque havemos de depender de moedas para tirar um café da

máquina ou ficar na dúvida se os nossos idosos tomaram os

comprimidos a horas se há tecnologia acessível que pode ajudar-nos?

Fundada em 1998, com um investimento de 20 mil euros de capitais próprios , a Micro I/O conta com algumas inovações conhecidas do público. Além de terem desenvolvido um sistema que permite pagar cafés em máquinas de uso público através de SMS e máquinas em escolas que permitem pagar com o cartão de estudante (sistema SIGE) , têm sempre projetos inovadores no departamento de Investigação e Desenvolvimento.

A I&D é liderada por Paulo

Bartolomeu, doutorando e autor de um pedido de patente nos EUA que

vai revolucionar as "comunicações críticas via Wi-Fi",

ou seja, abrir espaço para comunicações urgentes quando o espectro

está sobrecarregado.

"Por vezes, a I&D só busca a tecnologia bruta, não se

preocupa com a aplicação ao dia a dia das pessoas", explica

Bartolomeu. "Procuramos substituir tarefas morosas ou inseguras,

automatizando tudo o que é possível", sintetiza José Alberto

Fonseca.

Outra aplicação é a que permite otimizar o uso de água, sistema em

desenvolvimento para as residências da Universidade da Beira

Interior: os estudantes terão direito a um período gratuito de água quente - possivelmente 15 minutos ;

depois terão de usar o cartão de estudante para consumir água adicional.

"E temos como cliente um colégio em Riba de Ave que usa a

nossa tecnologia para fazer a contagem dos seis mil alunos à entrada

dos autocarros, aumentando a segurança das crianças", diz José

Alberto Fonseca.

A Micro I/O nasceu na incubadora de empresas da Universidade de Aveiro (UA) e mantém a ligação ao meio académico: há jovens ali a fazer mestrados e a colaborar em projetos de I&D, como o Living Usability Lab, em parceria com a Microsoft, entre outras entidades.

"A ideia é

combater o isolamento dos idosos com automatismos que permitem saber,

à distância, se a pessoa está bem, se tomou os medicamentos ou

alertar para riscos iminentes", explica o fundador. Com o

desenvolvimento de tantos automatismos sem fios, de montagem fácil e

económica, os aparelhos terão também "uso na recuperação

urbana, que ficará muito mais barata sem instalar fios".

A Micro I/O é ainda co-promotora do projeto BikeEmotion em parceria com a Universidade de Aveiro e com duas empresas da região. O projeto é centrado na mobilidade urbana e, entre outros, disponibiliza uma App que localiza as bicicletas públicas mais próximas e permite reservá-las. "São ideias simples, mas faltava aplicá-las", diz Paulo Bartolomeu.

Retrato

A Micro I/O - cujo nome é inspirado nos dispositivos microprocessadores com Input/Output utilizados na maioria dos seus produtos - cresceu para a zona industrial da Taboeira. A empresa faturou 1,05 milhões de euros em 2011 e espera atingir um valor semelhante este ano. Vai lançar o UNICARD Anywhere Start para controlo de assiduidade portátil plug & play. A empresa tem 18 funcionários. Em 2013 arranca a internacionalização para o Brasil, com 300 mil euros e apoio do QREN.

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