E você, já se arrependeu de um mau passo na carreira? Conheça os 5 maiores erros

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Eu tinha acabado de terminar uma palestra sobre negócios e

inovação na Parsons School for Design, quando uma pessoa particularmente atenta na primeira fila começou a fazer perguntas difíceis. Respondi rapidamente

com a esperança de pacificar a audiência. Mas, a julgar pelas questões seguintes e pelo volume de e-mails que recebi depois, percebi que devia era ter organizado uma palestra sobre arrependimentos profissionais.

Desde aquela tarde, estive em missão para responder à pergunta: o que

faríamos se pudéssemos rebobinar e recomeçar a nossa carreira? O objetivo? Que ao expor o que os outros consideraram erros conseguíssemos maximizar as nossas hipóteses de os evitar. Sentei-me com 30 profissionais com idades entre 28 e 58 anos e perguntei-lhes qual era o seu maior arrependimento até ao momento. Falei com um gestor de 39

anos, o administrador de um grande banco de investimento, uma fotógrafa independente, um empresário milionário e um CEO de uma empresa da "Fortune 500", entre outros.

Conclusões? A deceção não discrimina: não importa em que área trabalha, o cargo em que está, se tem sucesso ou é um fracasso. Os arrependimentos são comuns a todos.

1. Não devia ter aceite o trabalho pelo salário. Este é, de longe, o maior arrependimento daqueles que optaram por carreiras de alta remuneração, mas, em última análise, insatisfatórias. A pesquisa clássica prova que as contrapartidas financeiras são uma mais-valia mas não um verdadeiro fator de motivação. Surpreendente, porém, foi o sentimento de impotência que estas

pessoas sentiam. O banqueiro de investimento lamentava-se: "Todos os dias sonho acabar com isto, sair, desistir. Mas tenho tantos compromissos..." Um consultor dizia: "Eu adorava deixar o stress para trás, mas acho que não seria bom a fazer mais nada." Quem inventou a expressão gaiolas de ouro não estava a brincar...

2. Devia ter-me demitido mais cedo. Entre aqueles que tiveram a coragem de se demitir para ir atrás dos seus sonhos, quase todos se arrependiam de não o ter feito antes. Tirando o medo de não encontrar outro emprego em tempo útil, os esquemas

de reforço variável típicos das grandes corporações, a

visibilidade nas redes sociais e o desejo de conseguir ganhos

adicionais são as três principais razões pelas quais as pessoas não se demitem apesar de estarem profundamente insatisfeitas com o seu emprego. Um

executivo de vendas lamenta ter ficado tanto tempo preso a estas conveniências: "Podia ter usado aqueles anos para fazer coisas que realmente me importavam. E esses anos não se recuperam."

3. Gostava de ter coragem para começar o meu próprio

negócio. Ao passo que as finanças estabilizavam, a maioria dos

profissionais com quem falei mostrava desejos de ter mais controlo

sobre a sua própria vida. Como? Tornando-se empresários, em vez de

empregados de alguém. Mas nas palavras de Artful Dodger, querer não chega. Um estudo recente mostra que 70% dos

trabalhadores deseja que o seu emprego atual os ajude a começar um negócio próprio, no futuro. No entanto, só 15% assume ter o que é preciso para realmente entrar nesta aventura. Nem o CEO da "Fortune

500" acredita conseguir dar asas ao seu sonho de se libertar profissionalmente. "O meu maior

arrependimento é que sou um 'querempreendedor'. Queria imenso, mas nunca tive coragem de provar o meu valor começando do zero."

4. Devia ter aproveitado mais a escola. Apesar de toda a controvérsia em torno dos empréstimos para estudantes, hoje cerca de 86% dos alunos ainda veem a

faculdade como um investimento rentável. Ao escrever Paixão e Propósito, eu e os meus coautores descobrimos que 54% da geração dos mileuristas tem pelo menos uma licenciatura - muito mais do que os 36% da geração dos baby boomers. Mas apesar de mais

alunos frequentarem a faculdade, muitos dos participantes deste estudo disseram que gostavam de ter aproveitado melhor os anos que passaram a estudar. Arrependem-se de ter levado a faculdade demasiado a sério, entrando logo depois no mercado de trabalho sem aproveitar os seus melhores anos. Um biólogo dizia lamentar tremendamente a "pressa ridícula para acabar a licenciatura". "Hoje vejo que aqueles foram os melhores e mais deliciosamente desestruturados anos da minha vida."

Com uma família e um crédito à habitação às costas, é muito mais difícil voltar a esses tempos.

5. Gostava de ter ligado mais aos meus feelings. Muitos dos meus entrevistados recordam-se de momentos determinantes, de fazer ou desistir nas suas carreiras. Em 2005, um banqueiro de investimento foi convidado a liderar uma pequena equipa na (agora) florescente América Latina.

Apesar de sentir que podia ser um momento-chave da sua carreira, teve medo de avançar e recusou o convite. Pouco tempo depois, o tipo que aceitou o lugar era promovido a chefe de departamento, e mais tarde a CEO da empresa. Recentes correntes da psicologia desenvolvem-se à volta da

importância de identificar este tipo de momentos de mudança, por vezes imprevisíveis,

mas potencialmente gratificantes e aconselham a saltar de cabeça quando estas oportunidades surgem para saltar na carreira de forma não-linear (subida lenta por acumulação dos anos de experiência, como acontece nas carreiras dos professores).

Em vez de esquecer o que correu mal, deve guardar os arrependimentos profissionais num lugar privilegiado do seu repertório emocional. É

que o arrependimento pode ser um poderoso catalisador para a mudança. Bem mais poderoso do que os obstáculos emocionais de curto prazo. Como explica o famoso psicólogo Neal Roese: "Em geral,

o arrependimento é uma emoção útil. Pode mesmo ser inspirador." Mas isso significa que temos de articular e celebrar as nossas deceções, entendendo que temos uma grande capacidade para experimentar arrependimentos profundos e com eles aprender para construir um futuro de sucesso.

Daniel Gulati, empreendedor tecnológico em Nova Iorque

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