
A aplicação de rotas direitas entre a origem e o destino permitiria tornar a operação de voo mais eficiente e sustentável. Esta é uma das conclusões resultantes da conferência de imprensa que a easyJet promoveu na Universidade de Cranfield, em Inglaterra. Johan Lundgren, CEO da companhia aérea, afirmou mesmo que esta seria a forma “mais rápida e económica de reduzir as emissões de carbono”. Em causa o facto de se utilizar ainda métodos antigos, como o recurso a beacons [guias de navegação em terra e mar]. Hoje, com os dados por satélite, é algo que já não é necessário e não faz sentido um avião, na rota Lisboa-Londres, por exemplo, não poder voar em linha reta e ter de sobrevoar o espaço aéreo francês.
No caso específico da easyJet, e como referiu o seu chief operating officer, David Morgan, a modernização do espaço aéreo permitiria à companhia aérea reduzir as suas emissões de carbono em mais de 10% ao ano. Feitas as contas, isso representa 663,7 mil toneladas de CO2. Os números foram alcançados depois de a empresa ter analisado os seus voos durante 12 meses com a utilização de inteligência artificial. “Os corredores aéreos precisam de ser modernizados para serem mais eficientes”, afirmou David Morgan.
Os dados mostram ainda que o excesso de carbono está a ser libertado durante todas as fases do voo, sendo a fase de descida particularmente ineficiente devido à má conceção do espaço aéreo inferior perto dos aeroportos.
Aplicando as conclusões obtidas a outros mercados europeus, a easyJet conclui que a aviação europeia poderia reduzir as emissões de CO2 em 18 milhões de toneladas por ano. O documento aponta ainda os mercados mais críticos. São eles o Reino Unido, a Itália, a França, a Espanha e a Suíça.
Só para se ter uma ideia, o estudo revelou que a maioria das incidências das operações da easyJet ocorreram no Reino Unido, com sete das dez rotas menos eficientes a chegarem a Londres Gatwick, sendo o sudeste do Reino Unido uma área particularmente problemática devido à elevada procura e às restrições de capacidade. As rotas Palma de Maiorca para Londres Gatwick; Faro para Londres Gatwick; Londres Gatwick para Malpensa; Porto para Genebra; e Nice para Londres Gatwick são apontadas como as ligações mais ineficientes.
Este não é um tema novo. No entanto, David Morgan reconhece que é necessário apoio político para a sua concretização. Sendo que a companhia aérea considera que seria benéfico se os voos atravessassem o espaço aéreo - sem aproximação (diga-se aterragem ou descolagem) - de forma mais rápida e direta.
Enquanto isso não acontece, a empresa atua junto dos operadores locais. E trabalha outras áreas relacionadas com a sustentabilidade. Um exemplo claro é a parceira com a startup norte-americana JetZero, que está a trabalhar no desenvolvimento de uma aeronave que suporte a tecnologia de hidrogénio, devendo este entrar em serviço até 2030. A easyJet explicou ser a primeira companhia aérea europeia a estabelecer uma parceria com a JetZero e afirmou que espera que a futura aeronave proporcione um consumo de combustível e emissões de gases com efeito de estufa até 50% inferiores aos modelos tradicionais de tubo e asa (o novo modelo promete ter asa mista).
No âmbito da parceria, a easyJet partilhará os seus conhecimentos sobre os sistemas de propulsão a hidrogénio, na sequência dos anos de trabalho que realizou para desenvolver a tecnologia com outros parceiros da indústria, e explorará a oportunidade de utilizar a carroçaria de asa mista como plataforma para a tecnologia de motores movidos a hidrogénio no futuro.
A jornalista viajou para Inglaterra a convite da easyJet