Ebury: Reunião do BCE será "grande evento de risco" nos mercados cambiais

Analistas da Ebury consideram "que existem boas probabilidades de o Banco Central Europeu dececionar o mercado na sua reunião desta semana"
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A reunião de esta quinta-feira do Banco Central Europeu tem "boas probabilidades" de se tornar uma deceção para os mercados financeiros, avalia a Ebury numa nota de análise sobre a evolução da política monetária do BCE. Para esta fintech especialista em pagamentos e gestão de câmbio, a reunião de amanhã ganhou mesmo "contornos de um grande evento de risco" nos mercados cambiais.

Depois de na reunião de julho, Mario Draghi ter deixado indicações em prol de "uma orientação bastante expansionista", admitindo que o programa de estímulos "ainda tem de se traduzir numa dinâmica de inflação mais forte", a Ebury salienta que os operadores dos mercados cambiais ficaram na expectativa que o anúncio da redução da política monetária teria sido apenas adiada para este mês, "alimentando a especulação de que Draghi aproveitaria a reunião de setembro para anunciar o fim gradual das compras de ativos", dizem.

Contudo, e mesmo apesar da "clara melhoria das condições económicas da zona euro", a manutenção de uma política monetária flexível continua a ser uma das necessidades defendidas pelo Conselho de Governadores do BCE. Na nota divulgada, esta fintech lembra que o BCE em comunicações recentes defendeu novamente que a inflação só atingirá a convergência com o mandato do supervisor ["abaixo, mas perto de 2%"] de forma gradual e que tal meta depende "de um grau considerável de política monetária acomodatícia".

Ainda a este propósito, a Ebury recorda também as declarações de Mario Draghi em Jackson Hole, EUA, no final de agosto, quando este optou pela cautela. "Torna-se assim evidente que os responsáveis da autoridade monetária da Zona Euro não vão alterar a sua política tão cedo", reflete a fintech, concluindo então que a redução gradual do programa de compra de ativos só avançará quando se vislumbrar "uma recuperação mais sustentada da inflação subjacente" até aos tais quase 2%.

Valorização do euro obriga a cautela

A concorrer para esta postura mais cautelosa do BCE perante a ideia de reduzir os estímulos está também o comportamento recente da moeda única, cuja valorização "desde o início de 2017" tem sido "impressionante", refere a nota de análise. O euro acumulou uma valorização de 15% e chegou a quebrar os 1,2 dólares, "pela primeira vez desde janeiro de 2015".

Estes ganhos todos contrastam com a posição do BCE face à moeda europeia, já que os governadores preferem-na "mais fraca". E uma das formas de o conseguir passa, por exemplo, por não fazer ou dizer nada em relação ao calendário para a redução gradual das medidas de estímulo, salientam os analistas da Ebury.

"Se Mario Draghi não fizer, no mínimo, uma alusão à possibilidade de redução gradual das medidas de estímulo à economia, é possível que a moeda única seja alvo de um movimento considerável de vendas (sell-off), em especial tendo em conta os níveis muito elevados gerados pelo mercado desde a reunião de julho do BCE."

Apesar desta possibilidade, os analistas terminam a análise esperando uma ligeira declaração sobre o futuro da política de estímulos, deixando "a porta aberta a um anúncio mais significativo" para outubro.

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