A Rheinmetall está a aumentar a produção para responder à procura neste processo de rearmamento da Europa?
Nós aumentámos a capacidade de produção nos últimos anos, mas agora esta é uma nova situação. Temos de olhar com muito cuidado para a questão. Se aumentamos capacidades e onde. Mas sem reforçar a produção não será possível responder à procura.
Estão a pensar em novas fábricas ou em adquirir unidades? Na Alemanha ou noutros mercados?
Fizemos um enorme investimento na Hungria, onde construímos uma nova fábrica para a produzir tanques. Também na Austrália, onde investimos numa nova unidade. E temos uma parceria na Roménia. Também estamos à procura de oportunidades. Essas questões estão sempre ligadas ao produto. Se um cliente precisa de um produto, vamos ver a quantidade que precisa, quando precisa, se é um produto que já está desenvolvido. Geralmente, os clientes precisam e querem participação local e isso pode incluir construção de fábricas, serviços de apoio, manutenção... Fazemos isso sempre com muito cuidado, porque quando investimos em fábricas fazemo-lo numa perspetiva de longo prazo. Não apenas por cinco ou seis anos.
O que é que os países estão a precisar?
Olham para a guerra na Ucrânia e veem que precisam de veículos armados pesados e, é claro, de equipamentos de artilharia. Precisam de munições. Precisam de recuperar o investimento que não foi feito nos últimos anos. Estão a ver como a guerra na Ucrânia é decidida, qual o sistema que faz diferença no campo de batalha, para adaptar a sua estratégia de procura.
Estão a pensar construir uma fábrica em Portugal?
Nós vamos seguir a procura do cliente e decidir de acordo. Portugal quer envolver a indústria local nesta procura por equipamentos de defesa e nós entendemos isso. Para construir uma fábrica, é necessário um contrato importante. Nós vamos começar a conversar com Portugal, saber o que quer. Dependendo disso, vamos ver o nível de esforços que são necessários. Nós ainda não temos nenhum plano. Nós somos o ponto de partida da conversa. É preciso saber qual produto é necessário, qual o tempo e quantidade. Dependendo desses elementos, podemos entrar na conversa sobre participação local. Estou a pensar em instalações de manutenção e reparação. Depende do que será necessário a Portugal. Em qualquer caso, nós estamos interessados em abastecer as Forças Armadas Portuguesas com nossos produtos.
Uma parceria com a indústria portuguesa pode ser hipótese?
A indústria portuguesa tem forte conhecimento do setor automóvel. Isso é necessário para fabricar os nossos produtos. Portugal tem engenheiros de elevada qualidade e boas universidades. Há muita cooperação entre universidades portuguesas e alemãs. E o padrão é muito alto.
Acha fundamental que a União Europeia se prepare para uma guerra? Vai haver uma guerra na Europa?
Eu não sei se haverá uma guerra, mas temos de recuperar os investimentos que não foram feitos nos últimos 30 anos. Os armazéns de munições estão vazios. Os veículos são antigos e obsoletos. Acho que, nesta situação, é uma boa ideia a Europa investir na Defesa.
E se surgir um conflito a médio prazo?
Temos de depender dos produtos já desenvolvidos e que podem ser produzidos. É por isso que a Rheinmetall está numa boa posição. Porque sempre investiu em produtos e novas tecnologias. Se a curto prazo tivermos um problema sério, será preciso colocar as máquinas a trabalhar para responder à procura. Escalar a produção. Não é fácil, mas já fizemos isso na guerra da Ucrânia.
entrevista realizada à margem da Conferência Land Defence Industry Day, organizada pelo Exército português, da qual o DN foi media partner