Dinheiro em jogo: Trump sonha hospedar o British Open de golfe

Guerras do presidente americano vão além das tarifas comerciais, da imigração, de Gaza ou da Ucrânia: quer sediar grande prova do seu desporto favorito na propriedade escocesa que comprou
Trump interrompeu partida de golfe para falar aos meios de comunicação. Mais tarde, reuniu-se com Ursula von der Leyen.
Trump interrompeu partida de golfe para falar aos meios de comunicação. Mais tarde, reuniu-se com Ursula von der Leyen.EPA/TOLGA AKMEN
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No encontro desta semana entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, discutiu-se guerra tarifária, imigração, Gaza, Ucrânia e… golfe. Afinal, embora os dois líderes estivessem no país do segundo, o encontro decorreu numa propriedade do primeiro, o campo de golfe de Turnberry, na costa oeste da Escócia. E Trump sonha, há anos mas em vão, que Turnberry seja sede do prestigiado British Open.

Quando Trump comprou o resort histórico em 2014, investindo 200 milhões em obras, o objetivo assumido era que “um grande campeonato masculino fosse disputado num dos seus campos”, escreve a reportagem do Financial Times. Porém, 2009 foi o último ano em que o British Open passou pela propriedade na região de South Ayrshire, de onde a família materna do presidente americano é originária.

A Royal and Ancient (R&A), entidade organizadora do Open, vem citando desafios logísticos mas também políticos para evitar Turnberry - receia que um torneio lá se torne “um espetáculo”. Após a invasão do Capitólio dos EUA por apoiantes de Trump em janeiro de 2021, a R&A, através do ex-diretor executivo Martin Slumbers, disse que o Open não voltaria a Turnberry até que “o foco estivesse no campeonato” e não no proprietário do campo.

Mark Darbon, atual chefe da R&A, suavizou nos últimos dias ao garantir que o campo de Trump não foi definitivamente removido do grupo rotativo de locais do torneio. “Adoramos o campo, mas temos alguns grandes desafios logísticos lá”, disse Darbon aos repórteres que cobriam o 153º British Open no Royal Portrush, na Irlanda do Norte, finalizado no domingo passado e ganho por Scottie Scheffler, que embolsou 3,1 milhões de dólares em prémios. O dirigente acrescentou, citado pelo Yahoo Sports, que seriam necessárias melhorias nas infraestruturas rodoviárias, ferroviárias e de alojamento em torno do local. Entretanto, negou ter recebido pressões para usar o campo num encontro já este ano com Eric Trump, filho do presidente.

Ainda em Portrush, a estrela americana de golfe Bryson DeChambeau, eleitor declarado de Trump, fez lobby por Turnberry. “É um dos melhores campos de golfe do mundo e eu adoraria que ele fizesse parte da rotação”, disse. “Todos os jogadores querem estar em Turnberry”, afirmou, por sua vez, o próprio Trump à imprensa, após aterrar no aeroporto de Prestwick, a norte da propriedade, a 25 de julho, considerando-o “o melhor campo do mundo”.

O Daily Record, jornal de Glasgow, acrescenta que Turnberry pode fazer mesmo parte, pelo menos informalmente, dos acordos tarifários entre Reino Unido - em particular a Escócia - e EUA. “Proteger indústrias extremamente valiosas, como o whisky escocês, da ameaça das tarifas americanas é uma prioridade absoluta. E uma maneira infalível de agradar ao presidente seria confirmar que o Open retornará de fato a Turnberry num futuro próximo”, lê-se em reportagem do jornal.

Trump e Starmer já teriam até discutido o assunto à margem de outro encontro anterior, na Casa Branca. Política à parte, Turnberry, facilmente identificável por ter um farol no meio do percurso, acolheu em 1977 aquele que é considerado um dos melhores British Opens de sempre, quando Tom Watson superou Jack Nicklaus e conquistou o Claret Jug, o troféu do campeonato.

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