
NA EDP anunciou, ontem, que está a instalar duas baterias para armazenamento de energia solar para autoconsumo na Bondalti, em Estarreja, naquele que, crê, “é o primeiro projeto do género em Portugal”. No entanto, a empresa liderada por Miguel Stilwell d’Andrade avançou ao DN/Dinheiro Vivo que “tem em desenvolvimento em Portugal mais de 30MW em projetos de armazenamento de energia com clientes empresariais de todos os tamanhos e de vários setores de atividade”.
Fonte oficial da elétrica portuguesa acrescenta que, “além disso, tem vários projetos em fase de planeamento e desenvolvimento, que se espera que venham também a contribuir para a transição energética em Portugal”.
A Bondalti, o maior grupo nacional do setor químico e herdeira da antiga Companhia União Fabril (CUF), é uma empresa eletrointensiva, para a qual o “acesso fiável a energia a preços competitivos, na ausência de produção energética eólica ou solar”, é vital. E é isso que consegue com a instalação de duas baterias - com uma potência total de 12MW e capacidade de armazenamento de 12MWh, são capazes de carregar e descarregar eletricidade em apenas uma hora -, que garantirão “o funcionamento contínuo das unidades industriais”.
O sistema de armazenamento, que se insere no roteiro para a descarbonização da Bondalti (a empresa pretende, até 2030, consumir apenas energia elétrica produzida por fontes 100% renováveis), vem complementar o investimento realizado na instalação, pela EDP, de mais de 4400 painéis solares no Complexo Industrial de Estarreja, que permitem produzir anualmente mais de 3000MWh de energia renovável.
No comunicado, o administrador da EDP com o pelouro dos Clientes Empresariais, António Araújo, defende que a implementação de sistemas de armazenamento nas empresas “será crucial para acelerar o uso de energia renovável e tornar os investimentos em produção solar mais rentáveis e eficientes”.
A empresa explica que, atualmente, está comprometida com projetos de armazenamento de energia na Europa, América do Norte, América do Sul e regiões da Ásia, tendo mais de 2GWh de projetos em operação ou em construção. Além disso, existem 4GWh de projetos em fase avançada de desenvolvimento.
Questionada sobre o mercado português, avança com os já referidos mais de 30MW em desenvolvimento. Quanto à forma de ultrapassar o constrangimento que ainda é o preço das baterias para muitas empresas, fonte oficial da EDP refere que, nos últimos dois anos, houve uma redução “significativa” no custo das baterias, o que as tem tornado “progressivamente competitivas”.
“A EDP coloca nestes projetos a sua experiência e capacidade de gestão de energia para extrair o máximo de valor das mesmas, nomeadamente através da integração destes sistemas de armazenamento com a gestão dos mais de 17TWh (terawatt hora) de energia geridos pela empresa em Portugal”, frisa.
Quanto ao negócio das centrais solares, diz a EDP que contratou, em 2024, mais de 100MWp (megawatt pico) em projetos com empresas nacionais de todos os setores e zonas geográficas, num total de mais de seis mil empresas. Volumes que “espera replicar este ano”, sublinhando que, no total, já tem, à data de ontem, “mais de 400MWp instalados”.
No segmento residencial, refere que instalou mais de 30MWp em 2024 e, em grandes projetos solares, tinha no ano passado uma capacidade instalada de cerca de 240MWp no país. Para este ano, espera instalar mais cerca de 70MWp em projetos utility-scale.