Ensino Superior. Rendas dos quartos aumentam 9% em Lisboa e Porto

Não há residências para estudantes que respondam à procura e a crise de habitação retirou do mercado potencial oferta. Preços vão continuar a subir nos próximos anos.
Há cerca de 120 mil estudantes deslocados e quase 45 mil são alunos carenciados.
Há cerca de 120 mil estudantes deslocados e quase 45 mil são alunos carenciados. Leonardo Negrão
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Neste novo ano académico, que arranca em meados de setembro, os estudantes deslocados em Lisboa e Porto podem contar com um aumento de 9% nas rendas dos quartos, admite a Cushman & Wakefield (C&W). A subida deve-se à falta de oferta de alojamento estudantil nas duas cidades e também à crise habitacional que se instalou no país, que reduz o potencial do mercado. Este agravamento no custo das rendas segue-se a um aumento médio superior a 11% desde 2022, aponta um estudo da consultora.

Como avança, um grande impulsionador do crescimento das rendas no segmento do alojamento para estudantes "é a escassez geral de habitação". A falta de casas "tornou-se tão grave que o mercado limitado de apartamentos tradicionalmente alugados e partilhados por estudantes está agora a ser ocupado por famílias que não têm condições para comprar casa própria", diz Ana Gomes, responsável pela área de research da C&W. O alunos são obrigados a olhar para o mercado das residências universitárias, mas a oferta neste segmento também é pequena.

No último ano letivo, a oferta de alojamento para estudantes teve um incremento de 1500 camas, distribuídas por Lisboa e Porto, o que representa um aumento de 8,5% no stock total, diz o estudo. A maioria são fruto de investimentos privados. Uma renda nestas residências não está ao alcance de todos. Segundo a C&W, o custo mensal de um estúdio nestes projetos oscila entre os 650 e os 1500 euros, dependendo da localização e dos serviços que disponibiliza.

Nas residências públicas, o preço dos quartos individuais vai dos 253 aos 413 euros, os quartos partilhados custam entre 170 euros e 354 euros por cama e os estúdios entre 588 e 775 euros. No entanto, o estudo revela que os alojamentos do Estado "tendem a estar em cidades secundárias, enquanto em Lisboa e no Porto a oferta de alojamentos privados já ultrapassa o número de camas públicas".

No relatório, a C&W defende que o défice de camas disponíveis deve-se a os processos de licenciamento, morosos e complexos, à escassez de terrenos adequados para desenvolvimento deste género de projetos e à suspensão ou atraso de uma parte dos projetos públicos anunciados desde 2020.

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A consultora considera mesmo que com todos os projetos públicos e privados planeados, a taxa de cobertura (rácio cama/estudante) em Lisboa e Porto irá manter-se abaixo de 10%, muito aquém da média europeia de 12%. Em suma, o desequilíbrio entre oferta e procura deverá continuar nos próximos anos, agravando o custo do alojamento.

Atualmente, estão disponíveis 16.603 camas em residências públicas no total do país, segundo o site do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES). Recorde-se que há cerca de 120 mil estudantes deslocados e, deste universo, quase 45 mil são alunos carenciados.

Como já noticiou o DN, o último balanço do PNAES, disponível na sua página eletrónica, dá nota que estão em curso 90 projetos de residências universitárias públicas, que englobam 14.655 camas. São empreitadas que integram construção nova, adaptações de edifícios existentes a residências para estudantes, renovação de antigos alojamentos e aquisição de imóveis para adaptar a esta nova função. A atualização do PNAES, publicada a 30 de julho, revela que há ainda 2064 camas, em fase de adjudicação.

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