Os Estados Unidos da América (EUA) levantaram as tarifas alfandegárias de 15% impostas às exportações agrícolas do Gana, entre as quais o cacau, anunciou esta segunda-feira, 24, o ministro dos Negócios Estrangeiros ganês.Esta decisão surgiu dois meses depois de o Gana ter revelado que concluiu um acordo com os EUA para acolher cidadãos da África Ocidental deportados dos Estados Unidos.A economia ganesa sofreu com a implementação de tarifas alfandegárias fixadas em abril em 10%, tendo sido aumentadas para 15% em agosto, o que tornou mais caro o preço dos produtos do Gana no mercado norte-americano.Segundo maior produtor mundial de cacau depois da Costa do Marfim, o Gana depende das receitas das exportações para estabilizar a moeda e financiar as despesas públicas."A administração norte-americana informou oficialmente o Governo ganês de que as tarifas de 15%, impostas pelo Presidente Trump sobre o cacau e alguns produtos agrícolas elegíveis provenientes do Gana, foram eliminadas", escreveu hoje na rede social X o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sam Okudzeto Ablakwa.Esta eliminação entrou em vigor a 13 de novembro e deve permitir ao Gana "obter 60 milhões de dólares (cerca de 52 milhões de euros) (...) de receitas adicionais todos os anos", segundo o ministro ganês.O Gana exporta, em média, 78 mil toneladas de grão de cacau por ano para os Estados Unidos, o maior importador mundial de chocolate e produtos à base de cacau.Cajus, abacates, bananas, mangas, laranja, limas, bananas-da-terra, ananases, goiabas, cocos, gengibre e pimentos estão entre os produtos agrícolas, além do cacau, abrangidos pela eliminação das tarifas.O Gana começou, em setembro, a acolher dezenas de pessoas expulsas dos EUA, exclusivamente oriundas da África Ocidental, no âmbito de um acordo assinado com o Governo norte-americano.O Ruanda, o Essuatiní, o Sudão do Sul e o Uganda também têm acordos com os EUA para receber migrantes expulsos.Os EUA retiraram o Gana da lista de países africanos sujeitos, desde junho, a restrições na emissão de visto, pouco depois da conclusão deste acordo."É uma situação em que ambos os países saem a ganhar" afirmou o economista e membro da Iniciativa Política para o Desenvolvimento Económico Amateye Anim-Prempeh, à agência de notícias France-Presse."O setor do cacau, pilar da economia afrícola do Gana, é o que mais deverá beneficiar de um melhor acesso ao mercado americano", acrescentou.A economia ganesa ainda está a recuperar de uma crise recente, marcada por um incumprimento da dívida em 2022 e uma inflação que atingiu um pico de 50%.Com o PIB em crescimento e uma diminuição da dívida pública, a confiança dos investidores reforçou-se, tendo o país recebido novos desembolsos do Fundo Monetário Internacional e melhores avaliações das agências de notação financeira Fitch, Moody's e S&P. .Mais de 50 países propuseram negociações aos EUA sobre tarifas alfandegárias