
O presidente do Grupo Vila Galé afirmou hoje que Portugal precisa de mais projetos hoteleiros que permitam reabilitar edifícios históricos que, de outro modo, estarão condenados à ruína. Porém a Património Cultural I.P. tem impedido, de forma injustificada, que os projetos turísticos avancem, acusou Jorge Rebelo de Almeida.
"O país precisa de projetos de recuperação do património histórico que sejam viáveis do ponto de vista económico, que paguem o investimento e a conservação dos edifícios", defendeu o fundador do grupo hoteleiro na cerimónia de apresentação do novo Vila Galé Casas D'Elvas Historic Hotel, que decorreu este sábado, na cidade raiana.
"Portugal precisa de ter hotéis deste género, diferentes, que atraiam os turistas, porque estes não querem vir para hotéis indiferenciados em todo o mundo", acrescentou o empresário na conferência de imprensa.
O Vila Galé Casas de Elvas tem 44 quartos e, como o nome indica, foi instalado em 18 casas no centro histórico de Elvas, que incluem o antigo aljube da Inquisição e o edifício onde estava instalada a Sala do Conselho de Guerra, construído no século XVIII, numa altura em que Elvas estava na primeira linha de defesa contra uma possível invasão espanhola. Os diferentes edifícios estão ligados por uma rua privativa.
"Não tenho dúvidas de que este novo hotel, com a invasão que estamos a ter de turistas americanos e brasileiros, vai ter forte procura", defendeu.
O novo hotel vai criar cerca de 25 postos de trabalho e será, em termos práticos, uma extensão do vizinho Vila Galé Elvas Collection, pelo que os hóspedes terão acesso aos serviços e infraestruturas deste último, que fica situado a algumas dezenas de metros, num antigo convento.
Embora esteja a postos para iniciar atividade, a operação ainda não arrancou porque a Património Cultural I.P. embargou o projeto, devido ao facto de ter sido construída uma piscina num local onde antes se encontrava a ruína de uma fábrica de secagem de ameixa. Por esta razão, a cerimónia que teve lugar este sábado foi de apresentação e não de inauguração. Esta poderá ter lugar dentro de vários meses, mas ainda não há um calendário definido.
"Se fizéssemos algo mais do que uma apresentação, vinha cá a ASAE", frisou Jorge Rebelo de Almeida.
"Presidente da Câmara não veio porque tem medo de perder o mandato"
Segundo Jorge Rebelo de Almeida, a obra foi autorizada pela Câmara Municipal de Elvas e só dois anos e meio mais tarde, já com o projeto concluído, a Património Cultural I.P. veio colocar exigências adicionais.
"Elvas tinha uma lixeira a céu aberto, aqui no centro histórico", disse Jorge Rebelo de Almeida. "Em vez de sermos medalhados por termos recuperado este património histórico, fomos difamados, tal como sucedeu noutros sítios", frisou o fundador do grupo.
Na conferência de imprensa, Jorge Rebelo de Almeida revelou que o presidente da Câmara de Elvas, José Rondão Almeida, não marcou presença na inauguração por ter receio de perder o mandato, devido a pressões que terá recebido.
O Grupo Vila Galé tem estado envolvido num braço-de-ferro com a Património Cultural I.P., tal como o DN avançou em outubro. Além do projeto de Elvas, também o projeto do Paço de Curutêlo, em Ponte de Lima, tem estado no centro de uma disputa com a Património de Cultural I.P.. "O projeto de Ponte de Lima vai abrir no dia 25 de abril. Pode não abrir todo, mas vai arrancar", disse Jorge Rebelo de Almeida.