
O Grupo José de Mello registou lucros de 81 milhões de euros no ano passado, uma quebra de 15% face a 2023, desempenho que o presidente executivo do grupo, Salvador de Mello, classificou como resultados “robustos, consistentes e reflexo do forte desempenho dos negócios".
“No conjunto do grupo tivemos em 2024 resultados robustos, com um resultado líquido de 81 milhões de euros, níveis de investimento muito significativos em 2024 e uma criação de emprego muito relevante. Também houve um reforço muito significativo do ativo, acima de 2,6 mil milhões de euros, e dos capitais próprios”, disse Salvador de Mello num encontro com jornalistas para apresentar os resultados.
Nas várias divisões do grupo, a Bondalti – empresa do setor químico – também teve uma descida nos lucros, de 51 milhões de euros em 2023 para os 41 milhões de euros. Os proveitos da Bondalti subiram 6%, para 555 milhões de euros e o EBITDA desceu de 97 para 71 milhões de euros.
Números que Salvador de Mello considerou reveladores de um “excelente desempenho”, “muito superior aquilo que é o histórico da Bondalti” e apesar do “contexto do setor”.
“Face ao histórico, este é um desempenho excelente, visto que 2022 e 2023 foram anos de pico nos preços. A Bondalti teve uma performance muito superior à dos seus congéneres apesar dos desafios do setor, fruto do modelo de negócio da Bondalti, com as parcerias, e de uma boa gestão”, disse o presidente executivo do grupo. Aliás, salientou, a Bondalti “tem reforçado a quota de mercado”.
A Bondalti lançou em 2024 uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) sobre a espanhola Ercros, “um processo que atualmente está na 2ª fase de análise pela autoridade da concorrência em Espanha”.
“Trata-se de um projeto que visa ganhar escala no setor e representa 330 milhões de euros em investimento. Lançámos o processo em março de 2024 estamos em início de junho de 2025, pelo que está a ser mais demorado do que gostaríamos face à dimensão da operação. Mas mantemos o empenho na concretização da operação; acreditamos que o projeto industrial da Bondalti é o que faz sentido para ganhar escala, num setor em que isso é muito importante”, disse Salvador de Mello.
O responsável do grupo salientou que a Bondalti aguarda por um desfecho, ou clarificação sobre este processo, até ao final.
Na Brisa, os resultados líquidos cresceram para 310 milhões de euros, um crescimento de 22% face a 2023. Os proveitos da empresa que gera várias das concessões rodoviárias em Portugal cresceram 9%, para 1.090 milhoes de euros.
Em 2024, a Brisa reforçou a sua posição a nível internacional, ganhando um contrato nos Países Baixos para operar um novo modelo de cobrança de portagem para pesados, que entra em operação “em meados de 2026”.
Na CUF, da área da Saúde, o grupo José de Mello registou um “crescimento muito robusto da sua atividade”, com a expansão da rede e o objetivo de alargar a cobertura nacional. Os lucros da divisão de saúde subiram para 43 milhões de euros, mais 15% do que em 2023.
A CUF concluiu a aquisição do grupo Arrifana de Sousa e das clínicas Mimed, à Sociedade Francisco Manuel dos Santos, que agora foram transformados nos centros de saúde CUF. Por outro lado, o grupo aguarda luz verde da concorrência em Portugal para a aquisição de 75% do capital do Hospital Particular do Algarve.
“Não estando a CUF no Algarve, esperaria que fosse uma decisão rápida, mas temos de esperar pelo regulador”, salientou Salvador de Mello ao ser questionado sobre previsões para a conclusão do processo.
Salvador de Mello também abordou o projeto Lifthium, para a produção de hidrogénio verde a partir de um método inovador de eletrólise. O projeto tem vindo a ser desenvolvido há vários, mas continua sem arrancar.
“Está em fase de análise aprofundada”, salientou o responsável. Na apresentação em slides aos jornalistas podia ler-se sobre a Lifthium “caso a decisão de investimento se concretize (ainda incerta)” dará lugar a “uma nova plataforma de negócio com escala relevante e forte capacidade de criação de valor e diversificação do portfolio”.
O presidente do grupo ressalvou que o projeto está a demorar mais do que eram as expectativas iniciais, mas que a José de Mello continua a trabalhar na sua concretização, com uma “uma equipa de excelência e dedicada”.
Sobre quanto é que o grupo já gastou no projeto, Salvador de Mello revelou que “já investiu 35 milhões de euros”. “E estamos muito tranquilos com o investimento que fizemos. Achamos que a oportunidade merece o investimento”, ainda que tenha reconhecido que “ainda não sabe se a vamos concretizar”.