A Varandas de Sousa, líder nacional na produção e comercialização de cogumelos frescos, acaba de lançar no mercado a marca própria Cuga, uma aposta que visa colocar um ponto final no processo de recuperação da empresa portuguesa. O investimento de três milhões de euros, que está prestes a finalizar, foi determinante para criar esta ligação direta ao consumidor. A rainha dos cogumelos já responde por uma quota de mercado da ordem dos 75% - é o maior fornecedor nacional para marcas de retalho -, mas agora quer também afirmar-se com a Cuga.
A nova marca portuguesa já chegou às prateleiras dos supermercados El Corte Inglés, Continente e Apolónia, conta Nuno Pereira, CEO da empresa. Ainda não passaram dois meses desde a estreia da Cuga no país e as vendas dão “sinais são muito positivos”, diz. Para o próximo ano (já um exercício completo), a meta é atingir três milhões de euros de faturação só com os cogumelos Cuga. Para isso, o gestor conta com o aumento do consumo em Portugal, que ainda está “bastante abaixo da média europeia”. Uma futura entrada em Espanha está também em aberto.
Esta estratégia é o culminar de duas fases: num primeiro momento, o foco foi a salvaguarda dos postos de trabalho, dos salários e do aparelho produtivo; seguiu-se a execução de um plano de racionalização e modernização. É preciso lembrar que a Varandas de Sousa (grupo Sousacamp) foi salva da falência em plena pandemia (em 2020) pelo sociedade gestora de capital de risco CoRE, após um perdão de dívida superior a 50 milhões de euros, num processo que ficou conhecido como Rei dos Cogumelos.
A CoRe, gerida por Nuno Fernandes Thomaz, Martim Avillez Figueiredo e Pedro Araújo Sá, através do fundo Restart I, tomou na altura uma posição de 90% na empresa e o grupo português Sugal - o maior produtor europeu de concentrado de tomate - assumiu 10%. Segundo informações disponibilizadas no site do sociedade de capital de risco foram investidos 7,5 milhões de euros. Hoje, o fundo tem uma participação de 55%.
A Cuga, cujo nome é uma apropriação da forma como alguns dos trabalhadores designam habitualmente os cogumelos da empresa, quer agora afirmar o estatuto de “líder nacional na categoria” de cogumelos frescos, diz Nuno Pereira. “Durante 30 anos fomos o maior produtor e fornecedor nacional para marcas de retalho (marcas brancas), mas nunca assumimos o nosso papel de liderança” e “a Cuga nasce para ocupar esse lugar”, frisa o responsável.
Foi necessário modernizar as três unidades produtivas do Norte do país (Vila Real, Vila Flor e Paredes), e adaptar o processo de embalamento aos padrões da indústria alimentar. Esta última fase industrial, passou a estar centralizada em Paredes. Desde o ano passado que a empresa tem em marcha um plano de investimento de três milhões de euros focado na requalificação das linhas de produção e na refrigeração de todas as etapas dos produtos. De acordo com Nuno Pereira, “cerca de 90% do investimento já está executado”. Este projeto irá alavancar as vendas. Como adianta o gestor, “comercializámos cerca de 5000 toneladas”, em 2024, e “com os investimentos em curso, prevemos ultrapassar as 6000 toneladas nos próximos dois anos”.
No ano passado, a Cuga registou um volume de negócios da ordem dos 22 milhões de euros, o que traduz um crescimento médio anual de 8% desde que está nas mãos da CoRe. E o objetivo para este exercício é o crescimento, mas Nuno Pereira não avança previsões. Vai, no entanto, adiantando que “os resultados operacionais já são positivos, embora ainda condicionados por heranças do passado”. Como sublinha, o trabalho que se segue “é fazer crescer o EBITDA cerca de 33% ao ano nos próximos três anos, limpar dívida e colocar a empresa numa situação financeira sólida e sustentável”.
São as metas definidas após o caminho iniciado em 2020, de racionalização, modernização, alinhamento com os stakeholders, redireccionamento estratégico e definição de métricas de crescimento sustentado. A Cuga emprega 360 pessoas.