
A nova data crítica é 1 de agosto de 2025. Enquanto se aproxima o início do próximo mês, em Bruxelas intensificam-se os esforços para chegar a um acordo que minimize os efeitos das tarifas de 30% - que podem chegar a 200% no prazo de um ano ou um ano e meio - que Donald Trump anunciou que entrariam em vigor sobre todos os produtos importados da União Europeia. A agência noticiosa Bloomberg escreve mesmo que os funcionários europeus estão dispostos a aceitar um acordo mais favorável para os EUA, se esse for o caminho necessário para sair do atual impasse das negociações. Os representantes dos dois blocos ainda não chegaram a acordo, apesar de uma ronda de negociações em Washington, na semana passada, relataram à mesma agência pessoas familiarizadas com o assunto.
Por essa razão, escreve ainda a Bloomberg, a UE está a preparar-se para o pior, intensificando os preparativos para retaliar caso não seja possível chegar a acordo. Os enviados da UE deverão reunir-se já esta semana para elaborar um conjunto de medidas a aplicar no caso de Trump manter a inflexibilidade em relação às taxas. Recorde-se que os EUA insistem agora na aplicação de direitos aduaneiros superiores a 10% com um cariz praticamente universal sobre os produtos da UE, e com cada vez menos isenções limitadas à aviação, a alguns dispositivos médicos e medicamentos genéricos, a várias bebidas espirituosas e também um conjunto específico de equipamento de produção de que os EUA necessitam, disseram várias fontes, que pediram anonimato, citadas pela Bloomberg.
Um porta-voz da Comissão Europeia, que trata das questões comerciais do bloco, afirmou não ter comentários a fazer sobre as negociações em curso.
Em discussão entre os EUA e a UE tem estado também a possibilidade de estabelecer um limite máximo de aplicação de tarifas para alguns setores, bem como quotas para o aço e o alumínio e uma forma de isolar as cadeias de abastecimento de fontes que excedam a oferta de metais. No entanto, mesmo que os enviados especiais cheguem a acordo nestas matérias, é sempre preciso ter a aprovação do presidente norte-americano, e a sua posição é tudo menos clara, salientaram as mesmas fontes.
“Estou confiante de que chegaremos a um acordo”, disse, por seu lado, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no programa Face the Nation, da CBS, este domingo. “Penso que todos estes países-chave vão perceber que é melhor abrir os seus mercados aos Estados Unidos da América do que pagar uma tarifa significativa”.
A UE tem procurado negociar isenções mais amplas do que as oferecidas pelos EUA, bem como proteger o bloco de futuras tarifas por setor. A dificultar as negociações está também o facto de o nível de dor que cada Estado-Membro está disposto a aceitar variar consoante a sua balança comercial e os seus interesses económicos.
Em Portugal, e como o DN já escreveu, o impacto na indústria farmacêutica será particularmente penalizador.