Tarifas: UE prepara-se “para o pior” e desenha plano de retaliação

Bruxelas começa a preparar-se para um cenário em que EUA e UE não chegam a acordo em relação às tarifas. Enviados europeus redobram esforços na última semana antes do novo dia 1.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão EuropeiaEPA/OLIVIER HOSLET
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A nova data crítica é 1 de agosto de 2025. Enquanto se aproxima o início do próximo mês, em Bruxelas intensificam-se os esforços para chegar a um acordo que minimize os efeitos das tarifas de 30% - que podem chegar a 200% no prazo de um ano ou um ano e meio - que Donald Trump anunciou que entrariam em vigor sobre todos os produtos importados da União Europeia. A agência noticiosa Bloomberg escreve mesmo que os funcionários europeus estão dispostos a aceitar um acordo mais favorável para os EUA, se esse for o caminho necessário para sair do atual impasse das negociações. Os representantes dos dois blocos ainda não chegaram a acordo, apesar de uma ronda de negociações em Washington, na semana passada, relataram à mesma agência pessoas familiarizadas com o assunto.


Por essa razão, escreve ainda a Bloomberg, a UE está a preparar-se para o pior, intensificando os preparativos para retaliar caso não seja possível chegar a acordo. Os enviados da UE deverão reunir-se já esta semana para elaborar um conjunto de medidas a aplicar no caso de Trump manter a inflexibilidade em relação às taxas. Recorde-se que os EUA insistem agora na aplicação de direitos aduaneiros superiores a 10% com um cariz praticamente universal sobre os produtos da UE, e com cada vez menos isenções limitadas à aviação, a alguns dispositivos médicos e medicamentos genéricos, a várias bebidas espirituosas e também um conjunto específico de equipamento de produção de que os EUA necessitam, disseram várias fontes, que pediram anonimato, citadas pela Bloomberg.

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Um porta-voz da Comissão Europeia, que trata das questões comerciais do bloco, afirmou não ter comentários a fazer sobre as negociações em curso.

Em discussão entre os EUA e a UE tem estado também a possibilidade de estabelecer um limite máximo de aplicação de tarifas para alguns setores, bem como quotas para o aço e o alumínio e uma forma de isolar as cadeias de abastecimento de fontes que excedam a oferta de metais. No entanto, mesmo que os enviados especiais cheguem a acordo nestas matérias, é sempre preciso ter a aprovação do presidente norte-americano, e a sua posição é tudo menos clara, salientaram as mesmas fontes.

“Estou confiante de que chegaremos a um acordo”, disse, por seu lado, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no programa Face the Nation, da CBS, este domingo. “Penso que todos estes países-chave vão perceber que é melhor abrir os seus mercados aos Estados Unidos da América do que pagar uma tarifa significativa”.

A UE tem procurado negociar isenções mais amplas do que as oferecidas pelos EUA, bem como proteger o bloco de futuras tarifas por setor. A dificultar as negociações está também o facto de o nível de dor que cada Estado-Membro está disposto a aceitar variar consoante a sua balança comercial e os seus interesses económicos.

Em Portugal, e como o DN já escreveu, o impacto na indústria farmacêutica será particularmente penalizador.

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