Trump aconselha Japão a não provocar a China com Taiwan

Relações entre as duas maiores economias da Ásia atravessam momento difícil depois de, no início do mês, o governo japonês afirmar que Tóquio poderia intervir militarmente no caso de um ataque à ilha.
Donald Trump, presidente dos EUA
Donald Trump, presidente dos EUAEPA/FRANCIS CHUNG / POOL
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O Presidente dos Estados Unidos aconselhou a primeira-ministra japonesa a não provocar a China com a questão da soberania de Taiwan, informou esta quinta-feira, 27, o Wall Street Journal (WSJ), na sequência da disputa diplomática sino-nipónica.

As relações entre as duas maiores economias da Ásia estão a atravessar um momento difícil depois de, no início de novembro, a nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmar que Tóquio poderia intervir militarmente no caso de um ataque a Taiwan, ilha que Pequim considera parte do território chinês.

Durante uma chamada telefónica com o Presidente norte-americano, Donald Trump, na segunda-feira, o homólogo chinês, Xi Jinping, insistiu neste assunto, afirmando que o retorno de Taiwan à China faz parte integrante da "ordem internacional do pós-guerra", de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Pouco depois, "Trump organizou uma chamada com Takaichi e aconselhou-a a não provocar Pequim sobre a questão da soberania da ilha", informou o diário WSJ, citando, embora sem identificar, responsáveis japoneses e um norte-americano que estão familiarizados com a conversa.

"A opinião de Trump foi subtil e ele não a pressionou a voltar atrás nas declarações", lê-se no jornal.

Entretanto, o porta-voz do Governo japonês, Minoru Kihara, não quis hoje confirmar se Trump pediu a Takaichi que moderasse o tom em relação a Taiwan.

"Na conversa telefónica do outro dia, discutimos muitas questões, como o reforço das relações entre o Japão e os EUA e a situação e os problemas no Indo-Pacífico (...). Evito dar mais pormenores porque se trata de um assunto diplomático", disse Kihara durante a conferência de imprensa diária.

No relato da chamada, a chefe do Governo japonês limitou-se a indicar que falou com Donald Trump sobre a conversa deste com Xi Jinping, bem como sobre as relações entre os dois aliados.

"O Presidente Trump disse que éramos amigos muito próximos e sugeriu que eu lhe ligasse a qualquer momento", afirmou a líder japonesa.

De acordo com o WSJ, porém, "os responsáveis japoneses consideraram a mensagem preocupante".

"O Presidente [norte-americano] não queria que as tensões em torno de Taiwan comprometessem a abertura alcançada no mês passado com Xi, que inclui a promessa [da China] de comprar mais produtos agrícolas norte-americanos, a fim de apoiar os agricultores duramente afetados pela guerra comercial", desencadeada pelo líder norte-americano, estimou o jornal.

Na sequência das declarações de Sanae Takaichi, a China convocou o embaixador do Japão e aconselhou a população a evitar viagens para o arquipélago.

O lançamento de vários filmes japoneses na China também foi adiado, de acordo com os meios de comunicação estatais chineses.

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