No Hyatt Hotel, o espaço Serenity também é um dos mais procurados por hóspedes e não hóspedes, que pretendem fugir ao stress diário
No Hyatt Hotel, o espaço Serenity também é um dos mais procurados por hóspedes e não hóspedes, que pretendem fugir ao stress diárioIEVA.STUDIO

Turismo de bem-estar vale quase 1,4 biliões e Portugal está no 'top' 20

O Global Wellness Economy Monitor revela que a indústria do bem-estar valia 6,3 biliões de dólares em 2023, o ano mais recente para o qual há dados. O turismo representa 1,35 biliões e vai continuar a crescer
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No ano passado, o grupo BOA anunciou um novo investimento de 50 milhões de euros, para fazer nascer na Quinta da Barroca, em Armamar, um novo projeto de luxo do Douro. Concorrente direto de unidades como o Six Senses Douro Valley, o resort de 5 estrelas, focado no bem-estar, vai contar 70 quartos, piscinas, 50 villas privadas e um SPA, tudo rodeado por 26 hectares de vinha e  pomares. E com vista para as serras do Marão, Alvão e Montemuro. Se tudo correr conforme o previsto, o hotel abre portas em 2027.

Destinado a, “em primeiro lugar, portugueses e expatriados a viver em Portugal”, posiciona-se num segmento alto e quer fazer concorrência às melhores unidades do País. “Vai ser um destination resort”, garante Lior. “Estamos a competir com os melhores resorts e hotéis do País, e não apenas do Douro, neste segmento dos refúgios de SPA”, dizam, na altura, Lior Zach e George Vinter, os responsáveis do projeto – atualmente, só Lior se mantém na empresa – em declarações à revista EXAME.

“A Quinta da Barroca foi especificamente escolhida pelos seus atributos únicos e pela tranquilidade que a rodeia, que são essenciais para a experiência excecional que queremos oferecer aos nossos clientes”.

Global Wellness Institute

Em Lisboa, há pouco menos de três anos, a marca francesa Sisley abriu em Lisboa um espaço dedicado, precisamente, ao bem-estar. Paredes meias com a Avenida da Liberdade, a Maison Sisley chegou à capital portuguesa para permitir aos clientes experimentar os produtos da marca mas, acima de tudo, os tratamentos de bem-estar: à disposição existem terapias de corpo, rosto e cabelo, levadas a cabo por profissionais da marca que utilizam todos protocolos da Sisley, que fidelizam clientes em todo o mundo.

Depois de, no andar de baixo, poder beber um chá, um champanhe ou uma água aromatizada, é no andar de cima que os quatro gabinetes de tratamento, um deles duplo para experiências a dois, prometem fazer esquecer da correria do dia-a-dia. E aqui, tudo é pensado para desacelerar: da luz à música, passando pelas toalhas aquecidas nas marquesas e os edredões com que cobrem os clientes que vêm fazer um tratamento, seja ele qual for.

“Todos os tratamentos têm protocolos específicos, seja de número de movimentos, da forma como são realizados, ou da ordem dos produtos que são utilizados”. Terapias feitas à medida de cada pele e cabelo, após uma avaliação pelas terapeutas, explica ao Diário de Notícias uma delas, Ana. Que confirma o interesse crescente do público e salienta que, cada vez mais, as pessoas oferecem até este tipo de tratamentos como presente aos amigos.

E, naturalmente, não faltam os turistas que já conhecem o conceito de outras capitais como Paris ou Milão.

A Maison Sisley abriu portas em Lisboa em novembro de 2022
A Maison Sisley abriu portas em Lisboa em novembro de 2022Maison Sisley

Mais acima, no Hotel Ritz, as salas de tratamento do SPA são também um dos lugares preferidos de quem entra pela portas da icónica unidade hoteleira. Massagens de corpo ou rosto e acesso aos circuitos de água chamam cada vez mais pessoas, sedentas de alguma calma por entre a correria do dia-a-dia. E, no turismo, não é diferente. Depois das praias e ilhas paradisíacas e da tendência das cidades, nos últimos anos tem crescido o interesse por lugares que promovam o bem-estar e a tranquilidade. Dados do Statista mostram que a indústria global do turismo de bem-estar continua a crescer a um ritmo muito rápido, prevendo-se que valha cerca de 1,35 biliões de dólares em 2028. Estamos a falar de um aumento de mais de 100%, em termos de dimensão de mercado, desde 2022.

Na verdade, o turismo de bem-estar global agora constitui o quarto maior segmento da gigantesca indústria mundial de bem-estar, atrás apenas de cuidados pessoais / beleza, nutrição / perda de peso e atividade física. Um número crescente de viajantes deseja descobrir retiros de bem-estar únicos e está disposto a gastar em conformidade. Desde opções baseadas na natureza a programas mais personalizados e baseados em intenções, desde retiros para dormir melhor a outras opções de viagem com objetivos, os itinerários de bem-estar tornaram-se populares não só entre os viajantes individuais, mas também entre grupos empresariais que procuram incorporar elementos de bem-estar em reuniões de funcionários e retiros de executivos – já falámos sobre essa tendência aqui, também.

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Sem surpresas, Portugal tem estado a garantir uma posição significativa entre os países que reforçaram a sua oferta nesta indústria – ou nao fosse o turismo a grande aposta do últimos anos. O relatório mais recente do Global Wellness Institute revela que o país ocupa o 16º lugar entre as principais nações que se destacam neste setor, prevendo-se um crescimento sustentado até 2027. O aparecimento de projetos como a Tiny House, criada por um casal que viveu na Austrália e que agora criou uma pequena cabana onde os hóspedes são obrigados a viver uma vida totalmente offline tem ajudado a esta afirmação de Portugal nos roteiros de bem-estar. A Tiny House nasceu no Alentejo, numa localização que só enviada assim que a reserva dos hóspedes está confirmada, e basicamente convida as pessoas a deixarem os seus vícios trancados numa caixa antes de passarem duas noites – no mínimo – numa cabana onde podem viver fora do mundo.

Numa altura em que as autoridades continuam a avisar para a subida dos níveis de esgotamento de universitários e de trabalhadores, a indústria do bem-estar vai, basicamente, aproveitando a oportunidade para combater aquilo que já é apelidado pelos especialistas como “a epidemia do século XXI”.

Diário de Notícias
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