Ucrânia: Turquia alerta para ameaça ao transporte de petróleo e gás no mar Negro

A preocupação é não só com a ameaça ao transporte marítimo, mas também com dois gasodutos submarinos, o Blue Stream e o Turk Stream, que transportam gás natural da Rússia para a Turquia.
Ucrânia: Turquia alerta para ameaça ao transporte de petróleo e gás no mar Negro
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O ministro da Energia turco fez esta quarta-feira um apelo para que o abastecimento de petróleo e gás no mar Negro seja protegido, depois de três petroleiros russos terem sido alvo de ataques ao largo da costa turca.

A Turquia, afirmou o ministro, está preocupada não só com a ameaça ao transporte marítimo, mas também com dois gasodutos submarinos, o Blue Stream e o Turk Stream, que transportam gás natural da Rússia para a Turquia.

Referindo-se à sabotagem do oleoduto Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha em 2022, Bayraktar destacou a dependência da Turquia do gás importado.

"Apelamos a todas as partes para que mantenham a infraestrutura energética fora desta guerra, porque faz parte da vida quotidiana das pessoas", afirmou numa conferência de imprensa, segundo a Associated Press.

"Precisamos manter os fluxos de energia ininterruptos no mar Negro e nos estreitos [Bósforo e Dardanelos]", acrescentou.

A Ucrânia anunciou que os seus drones navais atingiram dois petroleiros em 28 de novembro. O terceiro navio foi atingido na terça-feira, quando se dirigia ao porto turco de Sinop.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, condenou os ataques como uma ameaça à "segurança da navegação, à vida e ao meio ambiente, especialmente na zona exclusiva" turca.

O petróleo e o gás russos suprimem quase metade das necessidades energéticas totais da Turquia, um membro da NATO que tem sido pressionado por Washington para reduzir esta dependência em relação à Rússia.

Quando Erdogan visitou Donald Trump, em setembro, o Presidente norte-americano instou-o a mitigar as relações com Moscovo, inclusive no setor energético. Durante essa mesma viagem a Washington, empresas turcas assinaram um acordo multimilionário com empresas dos Estados Unidos para compra de gás natural liquefeito.

Defendendo a compra de petróleo e gás russo pela Turquia, Bayraktar disse que a Rússia provou ser "um fornecedor muito confiável para o mercado turco" desde que as famílias turcas começaram a mudar para o gás na década de 1980.

O ministro concedeu, por outro lado, que "não é segredo" que a Turquia "precisa de ter um portfólio de fornecimento equilibrado".

"Não queremos depender de um único país fornecedor ou de poucos países", disse, acrecentando que a Turquia está "a tentar diversificar os países fornecedores e obter gás competitivo".

A empresa estatal turca de petróleo e gás, BOTAS, finalizou recentemente um contrato com a russa Gazprom para o fornecimento de gás, disse também o ministro.

Ancara está ainda envolvida com Moscovo na área da energia nuclear. A Rosatom, uma empresa estatal russa, está a construir uma central nuclear na costa mediterrânica da Turquia.

Os quatro reatores da central de Akkuyu deverão gerar cerca de 10% da eletricidade a ser consumida na Turquia quando entrarem em funcionamento. No entanto, o projeto tem sido afetado por atrasos, agravados pelas sanções impostas às entidades russas na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

O início do fornecimento de eletricidade de Akkuyu arranca no próximo ano, disse Bayraktar.

"Precisamos de desempenhar um papel de moderador para ajudar a libertar esse dinheiro, que será usado no projeto", acrescentou.

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