“Aumentar a oferta de residências para estudantes e facilitar o seu alojamento em casas particulares é uma das grandes prioridades da Universidade Nova de Lisboa”, disse ao DN o seu pró-reitor para a Inovação Sócio-Territorial, João Seixas, num momento em que o alojamento nunca esteve tão caro. Por isso, até 2027, a Nova prevê aumentar em cerca de 1140 camas os lugares disponíveis em residências afetas à instituição, dos atuais 460 para 1600, quer com investimentos próprios quer em regime de parcerias com outras instituições, revelou aquele responsável.Paralelamente a essa oferta estrutural, que vai continuar a aumentar, a universidade desenvolveu uma plataforma digital para aproximar os estudantes que procuram quartos para alugar dos anfitriões ou senhorios que os tenham disponíveis. Chama-se rede ¼ (www.redeumquarto.pt) e “pretende contribuir para uma maior igualdade no acesso à educação, através de um sistema que garante preços mais baixos”. Como funciona? Os interessados de ambos os lados inscrevem-se na plataforma, um site, disponibilizando todas as informações relevantes e formam um base de dados de oferta e procura confidencial, apenas acessível aos inscritos, com o objetivo de fazerem o ‘match’ mais adequado a cada um. A única condição para os proprietários é que estejam inscritos no Programa de Apoio ao Arrendamento (PAA). Vantagens? Os proprietários que aderirem ficam isentos do imposto sobre rendas e os estudantes beneficiam de uma redução mínima de 20% sobre a mediana do preço de um alojamento na cidade procurada.No caso da cidade de Lisboa, por exemplo, os últimos dados indicam que o preço médio de um quarto já ronda os 500 euros, pelo que a renda, ao abrigo deste programa, nunca poderia ser superior a 400 euros, explica o pró-reitor. Estas condições contribuem para travar a escalada especulativa e também a elevada informalidade no mercado imobiliário, pois este programa exige contratos formais de arrendamento, salvaguardando os interesses de ambas as partes.É um projeto-piloto em colaboração com a Secretaria de Estado da Habitação e selecionado pela Portugal Inovação Social, com recurso a verbas do Programa de Reestruturação e Resiliência (PRR). Lançado em maio, o Rede ¼ já registou cerca de 200 inscrições de estudantes e outras tantas de proprietários, mas ainda só foram fechados cerca de 60 contratos. João Seixas admite que ainda é pouco e “é preciso dar confiança aos proprietários, que ainda não se sentem seguros”. “Temos consciência que de que os resultados desta iniciativa não são imediatos”, mas aproximar a oferta de alojamento da procura com maior transparência nunca foi tão necessário.O grupo de projeto da Nova que está encarregue de desenvolver a rede 1/4 tem apenas um papel de intermediário e validação das propostas, mas os detalhes são acertados entre as partes.Metade dos alunos vêm de foraResolver o problema do alojamento estudantil é uma necessidade premente para fazer face à crise habitacional que se vive nas principais cidades portugueses, que encareceu o custo do alojamento para valores incomportáveis para a generalidade das famílias. João Seixas não hesita em dizer que a crise da habitação “já está mesmo a comprometer o acesso à educação”. Em Portugal, apenas 10% dos estudantes deslocados têm acesso a residências universitárias, sendo que o alojamento representa a maior fatia dos encargos dos jovens, acrescenta o responsável.O problema é bastante evidente também no universo da Nova, em que num total de 26 mil alunos, cerca de metade são oriundos de fora de Lisboa. “E tanto podem ser oriundos das Caldas da Rainha como de Berlim ou de Luanda”, observa João Seixas.Atualmente, a Universidade Nova de Lisboa tem três residências com um total de 460 camas, mas a prioridade é alargar a oferta. “E isso pode passar por novas residências como pela ampliação, ou reabilitação de infraestruturas já existentes”.Do plano de investimentos previstos constam vários projetos, alguns dos quais em conjunto com outras instituições. No âmbito de uma parceria entre a Nova, o ISCTE e o Instituto Politécnico de Lisboa, existe um acordo com a Câmara Municipal da Amadora para a construçao de uma residência na Falagueira, com capacidade para 260 camas, a dividir pelos alunos das três instituições, disse João Seixas. Os planos apontam para que esteja em funcionamento do segundo semestre do ano letivo 2025/2026.Outro projeto é um investimento no reaproveitamento de instalações da estação ferroviária de Santa Apolónia, em Lisboa. Também está prevista uma residência na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Costa da Caparica e ainda lugares de residência no município de Oeiras.O objetivo é que estes três projetos estejam concluídos ao longo do ano de 2027, estimou o pró-reitor com o peliouro da inovação social, mais concretamente da inovação nos territórios, tirando partido da sua formação de geógrafo.Uma das suas apostas é reforçar a multidisciplinaridade entre as nove faculdades que compõem a Nova para poder trabalhar os vários eixos das políticas que podem, por exemplo, melhorar o bem-estar da população estudantil. Tanto podemos estar a falar de mobilidade, como de saúde ou alimentação. Uma das iniciativas tem sido sensibilizar transportadoras e autarquias para rotas e horários de carreiras. Outra foi a mudança da alimentação disponível nas cantinas das várias faculdades, para promover uma melhor saúde..Ensino superior. Proprietários estão disponíveis para arrendar a estudantes. Mas querem incentivos e garantias