A máquina de lavar e secar que chega em novembro a Portugal é totalmente programável por telemóvel.
A máquina de lavar e secar que chega em novembro a Portugal é totalmente programável por telemóvel.

Xiaomi ataca mercado de grandes eletrodomésticos em Portugal

A estratégia “Human x Car x Home” da fabricante chinesa ganha novos contornos com a chegada de frigoríficos e máquinas de lavar e secar. Isto na mesma semana que é lançada a nova série de smartphones 15T, que inclui pela primeira vez tecnologia de câmara periscópica Leica. Tiago Flores, diretor-geral da marca, explica os planos de expansão
Publicado a

A chinesa Xiaomi abre o seu portfolio de equipamentos conectados no ocidente e Portugal está na primeira linha desta expansão. A tecnológica, conhecida sobretudo pelos seus smartphones - de acordo com a consultora IDC é a segunda marca mais vendida, atrás da Samsung - vai entrar no mercado de grandes eletrodomésticos. Segundo a empresa, é um passo para o reforço do pilar Home da sua estratégia global “Human x Car x Home”.

“Vamos, pela primeira vez, para os mercados internacionais expandir para o ecossistema de grandes eletrodomésticos conectados”, diz ao DN Tiago Flores, diretor-geral da Xiaomi em Portugal. “Portugal vai receber em primeira mão esses grandes eletrodomésticos, em novembro. Somos dos primeiros países a nível internacional”, sublinha o responsável.

Nesta primeira fase, são introduzidos dois produtos da submarca Mijia. O primeiro é um frigorífico de grande capacidade pensado para famílias, que se destaca pelas zonas de temperatura personalizáveis através da aplicação Xiaomi Home. “Imagine que chega a casa com carne ou peixe para o jantar e precisa de uma temperatura de -1°C. Mas vai assistir, sei lá, ao Benfica e precisa de meter ali as cervejas, que já não precisam de estar a -1°C… podem estar a 2 ou 3°C. Tudo isso é possível ser customizado no smartphone”, exemplifica Tiago Flores.

A segunda novidade é uma máquina de lavar e secar roupa que utiliza tecnologia de motor de acionamento direto para uma operação mais silenciosa e tem classe de eficiência energética A. Também é totalmente controlado pela app. Permite programar lavagens, selecionar ciclos e até gere automaticamente a dosagem de detergente e amaciador. Inclui funcionalidade de “aromaterapia”, para perfumar a roupa e o preço promete ser competitivo. “ No fundo, é uma máquina de lavar e secar em que estamos a oferecer a secagem”, diz o diretor-geral Tiago Flores.

Esta aposta nos grandes domésticos implicou uma renovação da loja da marca no Centro Colombo, em Lisboa, a primeira a receber o novo layout preparado para exibir estes equipamentos. Mas o plano, segundo Tiago Flores, é alargar progressivamente este conceito a outras lojas e chegar também às grandes superfícies de retalho, como faz a concorrência que também tem smartphones, wearables e outros dispositivos conectados para a casa, como a Samsung (ler entrevista mais em baixo).

O frigorífico de quatro zonas, cuja temperatura pode ser definida remotamente pela app.
O frigorífico de quatro zonas, cuja temperatura pode ser definida remotamente pela app.

Aspirador que também é um drone

A reforçar a aposta na casa inteligente, a marca lança também, nesta altura, a nova série de aspiradores Xiaomi, com o modelo Pro a assumir o papel de protagonista. Tiago Flores descreve-o como algo que está a “revolucionar a aspiração” uma vez que, pela primeira vez, incorpora três câmaras óticas. Estas, combinadas com o radar e Inteligência Artificial, permitem que o robô reconheça e evite objetos deixados no chão. “Ele vai conseguir, de forma inteligente, não aspirar uns fones, uns brincos, um anel ou uma peça de Lego”, detalha.

Além disso, as câmaras trazem outra funcionalidade inédita: a vigilância remota. Através da app Xiaomi Home, o utilizador pode ver em tempo real o que o aspirador está a filmar, controlar os seus movimentos com um joystick virtual e até falar através do altifalante do robô, transformando-o numa câmara de vigilância móvel.

O HyperOS 3 e a linha 15T

Questionado sobre como planeia competir com gigantes já estabelecidos no mercado como a Samsung, Tiago Flores aponta o ecossistema integrado como o grande diferenciador. “O nosso sistema é conhecido por todos, é controlado apenas através de uma app e nós temos um sistema que une agora todo este ecossistema, que é o HyperOS. Acredito que com o design, com esta conectividade e com novas características, vamos seguramente captar muitos consumidores.”

O Xiaomi T15 Pro,  com câmaras Leica, é a mais recente entrada no segmento de topo  de gama.
O Xiaomi T15 Pro, com câmaras Leica, é a mais recente entrada no segmento de topo de gama.

E é precisamente o novo Xiaomi HyperOS 3 um dos três pilares do outro grande lançamento deste outono: a série de smartphones Xiaomi 15T. O novo sistema operativo, baseado no Android 16, promete uma interface mais intuitiva e maior personalização. Uma das grandes novidades é a integração mais fluida com o ecossistema da Apple: será possível, por exemplo, usar um tablet Xiaomi como segundo ecrã de um MacBook ou partilhar contactos e imagens com um iPhone apenas por aproximação.

O segundo pilar é o design, com um form factor e materiais renovados. Mas é no terceiro pilar, a fotografia, que reside a maior inovação. O Xiaomi 15T Pro incorpora, pela primeira vez num modelo desta gama, uma câmara teleobjetiva periscópica. “Vamos trazer a nossa tecnologia de periscópio, de 5x ótico, que tipicamente trazemos para o Xiaomi 15 Ultra. O que a Samsung tem no S25 Ultra, o utilizador tem agora no Xiaomi 15T Pro”, afirma Tiago Flores.

Esta lente, com a chancela da Leica, permite um zoom ótico de 5x e digital até 20x (equivalente a 230mm), “num equipamento posicionado abaixo dos 1000 euros”, reforça.

Ambos os modelos vêm equipados com uma bateria de 5500mAh, que a marca garante manter 80% da sua capacidade ao fim de três anos de utilização.

Tiago Flores, diretor-geral da Xiaomi em Portugal
Tiago Flores, diretor-geral da Xiaomi em Portugal

“O nosso grande objetivo é digitalizar em 360 graus a vida dos utilizadores”

5 perguntas a Tiago Flores, diretor-geral da Xiaomi Portugal, sobre a entrada em novas áreas de negócio, a importância das lojas físicas e a competição no mercado tecnológico.

A entrada nos grandes eletrodomésticos representa o passo que faltava para completar a visão “Human x Car x Home” em Portugal? Mas falta o carro…

Em Portugal também vai acontecer, mas no contexto de termos de amplificar de forma muito acelerada a nossa estratégia. Agora que a empresa celebra 15 anos, vamos, pela primeira vez, para os mercados internacionais expandir para o ecossistema de grandes eletrodomésticos conectados, em que vão amplificar o pilar Home. Portugal vai receber em primeira mão esses equipamentos. O nosso grande objetivo é digitalizar em 360 graus a vida dos utilizadores.

Ao entrar neste segmento, passam a competir diretamente com marcas como a Samsung, que têm um portefólio igualmente vasto. Como planeiam diferenciar-se?

A Xiaomi é a empresa que mais consegue fazer essa digitalização pelo número de categorias e produtos que oferece. O nosso sistema é conhecido por todos, é controlado apenas através de uma app e temos um sistema que une todo este ecossistema, que é o HyperOS. Quando vamos ligar estes novos equipamentos, o smartphone deteta automaticamente a sua presença, tal como acontece com uns fones ou um relógio. Acredito que com o design, a conectividade e as características vamos captar muitos consumidores.

Qual a importância que continuam a dar ao retalho físico para demonstrar um ecossistema conectado?

A loja do Colombo foi a primeira com o novo layout e, a partir de novembro, já terá um espaço alocado para estes equipamentos. Faz parte de um plano para renovar as outras lojas da rede do nosso parceiro, para que todas recebam estes equipamentos entre 2026 e 2027. Além disso, estamos a estabelecer contactos com os nossos parceiros de retalho.

No Xiaomi 15T Pro, o que destaca como a principal inovação?

No modelo Pro, vamos trazer a nossa tecnologia de periscópio, com uma teleobjetiva de 5x ótico. É uma tecnologia que tipicamente estava reservada para o nosso modelo Ultra. Pela primeira vez na indústria, podemos ter esta qualidade de teleobjetiva ótica num equipamento posicionado abaixo dos 1000 euros.

Além dos eletrodomésticos, o que mais podemos esperar da Xiaomi no próximo ano?

No próximo ano, vamos estar muito concentrados em continuar a amplificar este ecossistema. Assistiremos à chegada de mais frigoríficos e mais máquinas de lavar. Em relação ao ar condicionado, que já introduzimos em Espanha, vamos focar-nos em equipamentos de alta eficiência (tripla eficiência para frio e calor), também conectados ao nosso ecossistema, para trazer inovação ao nível da eficiência e da rapidez de arrefecimento ou aquecimento.

Diário de Notícias
www.dn.pt