A EDP tem vontade, planos e meios técnicos para expandir o Windfloat Atlantic, o parque eólico offshore (no alto mar) que detém e gere a 18 quilómetros da costa de Viana do Castelo. Mas, para o poder fazer precisa de ter um contrato de venda de energia à rede nacional, ou seja, precisa que o Governo lance um leilão para atribuir esses contratos, o que, neste momento, não estão previsto em Portugal para este tipo de projetos eólicos.
"Em Portugal não está previsto nenhum leilão, mas se o Governo lançar um leilão, nós estamos aí", disse o diretor do projeto Windfloat, José Pinheiro.
De acordo com este responsável, a expansão do Windfloat Atlantic, que neste momento tem apenas três torres eólicas, permitiria expandir a nova tecnologia que estão a usar e que foi desenvolvida em Portugal, industrializá-la e, consequentemente, torná-la mais barata.
Hoje, este tipo de tecnologia - que recorre a uma plataforma flutuante onde depois assenta a torre eólica, permitindo a instalação de parques em alto mar em vez de apenas em águas rasas - custa cerca de quatro vezes mais que a tecnologia do offshore convencional, a tal usada em águas rasas. Ora, isto faz com que o preço de venda da eletricidade produzida seja superior. Por exemplo, atualmente, a energia elétrica produzida pela Windfloat Atlantic está a ser vendida a 140 euros por megawatt hora (MWh) o que compara com os "50 a 60 euros por MWh" a que é vendida a eletricidade produzida numa eólica offshore convencional.
Para o diretor do projeto, o aumento da produção e montagem destas eólicas é o próximo passo a dar para tornar a tecnologia mais barata. Aliás, a expectativa é de que "a médio prazo, possa chegar ao valor do offshore convencional", disse José Pinheiro.
Os dados obtidos no primeiro ano de operação do Windfloat Atlantic, entre julho de 2020 e julho de 2021, provam que esta tecnologia está pronta para isso. De acordo com os dados fornecidos hoje pela EDP, à margem de uma visita a este parque no alto mar, entre julho de 2020 e julho de 2021, o Windfloat produziu 75 GWh, mais ou menos o suficiente para abastecer 60 mil casas ou "um pouco mais que a cidade de Viana do Castelo", repara José Pinheiro.
Nesse período, junho foi o mês em que o Windfloat Atlantic produziu mais energia, num total de 8,6 GWh. Além disso, foi capaz de suportar ventos máximos de 134 km/h e ondas de cerca de 14 metros.
A Windfloat Atlantic, que custou 125 milhões de euros, é um projeto liderado pela EDP que integra um consórcio constituído, atualmente, pela Ocean Winds (que junta a EDP e a francesa Engie), pela espanhola Repsol e pela empresa tecnológica Principle Power, da qual a EDP também é accionista. A Ocean Winds é, no entanto, a empresa que tem a maior parte do capital (79,4%) e, por isso, a líder consórcio.
(Texto atualizado às 19.00 com mais informação)