O CEO da EDP admite que a subida das tarifas de acesso às redes decidida pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) poderá vir a agravar a fatura de eletricidade dos consumidores. Miguel Stilwell d"Andrade assume que a descida de 21% na componente energética anunciada pela EDP se mantém, a partir de 1 de julho, no entanto reconhece que há ainda contas a fazer sobre a fatura final. "Anunciámos uma redução de 21% na componente de energia que é a parte que controlamos. Entretanto, a ERSE anunciou um ajustamento às tarifas de acesso, que passamos diretamente para o consumidor. Não temos qualquer impacto sobre isso. Diria que, em geral, os consumidores deverão beneficiar a partir de 1 de julho, agora depende de quanto é que cada um consome" sublinha o gestor..Miguel Stilwell d"Andrade respondia aos jornalistas à margem da conferência We Choose Earth que a empresa promoveu em Madrid, com a participação de nomes como a ativista dos direitos humanos, Amal Clooney, o historiador Peter Frankopan, ou Adam Grant, com o objetivo de alertar "para o desafio urgente" da transição energética.."Esta conferência serve para dar visibilidade a um tema que é importante e urgente, mostrando que é preciso envolver todos na busca de soluções. Não são só os políticos, não são só as entidades não governamentais, são também as empresas e as pessoas", diz, sublinhando que a EDP "está a fazer a sua parte" com um plano de investimentos de 25 mil milhões de euros, ao longo dos próximos quatro anos, a maior parte dos quais se centram em energias renováveis. Plano esse que prevê que o grupo deixe de produzir eletricidade com base em carvão no espaço de 12 a 18 meses e que a empresa seja 100% verde até 2030. Uma meta que deverá ser antecipada. "Estou confiante que será antes", afiança, recusando antecipar datas: "Isso já veremos", sustentou..Sobre o efeito da guerra na Ucrânia no acelerar da transição energética, Miguel Stilwell d"Andrade admite que a invasão russa - que constitui "uma tragédia para o povo ucraniano, com o qual "todos devemos ser totalmente solidários - veio "mudar completamente" o panorama na Europa, na medida em que obrigou a Comissão Europeia a acelerar a aposta nas renováveis, com o REpower EU, e com a discussão de um novo modelo de mercado que permita criar condições para acelerar ainda mais estas energias.."Ficou claro que este desafio não é só um tema ambiental, é um tema de segurança nacional e de independência energética. E de custo. As renováveis são mais baratas do que é o gás ou o carvão, portanto compensa investir", garante. No entanto, o caminho não está a ser tão rápido como devia.."A Comissão Europeia deu passos importantes nesse sentido, agora compete muito aos Estados-membros incentivar esses investimentos. É preciso desbloquear licenciamentos e desbloquear a interligação com a rede. Há muita coisa que precisa de ser feita", defende o CEO da EDP, sublinhando que "deveríamos estar a investir duas, três, quatro vezes mais do que estamos efetivamente a aplicar em renováveis. Isso ficou claro. Não vamos cumprir com as metas se não mudarmos a forma de fazer as coisas"..A jornalista para Madrid viajou a convite da EDP