Educação e Cultura são os que mais tiram partido dos mundos virtuais

Setor nacional da realidade virtual e aumentada já conta com mais de 200 organizações, principalmente startups. Espalhadas um pouco por todo o país, maioria da empresas estão na Grande Lisboa.
Educação e Cultura são os que mais tiram partido dos mundos virtuais
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A mistura entre os mundos real e virtual está a ganhar relevância em Portugal. Com um ecossistema jovem e promissor em tecnologia XR (realidade estendida) – que abrange realidade virtual, aumentada e mista –, o nosso país destaca-se pelo número crescente de startups e de iniciativas empresariais desenvolvidas, segundo o relatório “Portugal XR Report 2024”. O setor conta já com mais de 200 organizações, na sua maioria startups.

Educação, cultura, saúde e indústria são as principais áreas para aplicação de tecnologias XR em território nacional, aproveitando o potencial das tecnologias imersivas para inovar. Porém, do ponto de vista da regulação, a privacidade, interoperabilidade e acessibilidade são questões que ainda precisam de atenção para fomentar um desenvolvimento sustentável e ético do setor, destaca o relatório elaborado no âmbito da Secção Metaverso, da APDC – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações.

No panorama atual dos serviços de realidade virtual e aumentada em Portugal, a consultoria, o desenvolvimento de software e a produção de conteúdos são os mais comuns. Ainda assim, a formação e a investigação têm vindo a ganhar mais peso no ecossistema, dada a importância de capacitar o mercado com conhecimento técnico. O mesmo documento, recorda, aliás, as previsões da Comissão Europeia que apontam para a criação de 850 mil novos postos de trabalho na Europa até final do ano que vem.

Para a Comissão Europeia, os mundos virtuais são parte essencial da economia digital da Europa na próxima década, assegurando que contribuem para o crescimento, a criação de emprego e a liderança tecnológica à escala mundial, explica a chefe de unidade adjunta de Tecnologias Interativas da Comissão Europeia. “Portugal, com o seu próspero ecossistema tecnológico e uma rede crescente de empresas em fase de arranque, está bem posicionado para se tornar num centro de desenvolvimento de XR”, acrescenta Anne Bajart, citada no “Portugal XR Report 2024”. “Com um investimento significativo em investigação, infraestruturas e talento, os inovadores portugueses estão a tirar partido da economia digital dos mundos XR e virtual, criando soluções sustentáveis e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos.”

Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, considera que “educar o mercado e os consumidores para o potencial do XR é essencial para promover uma adoção generalizada”, pode ler-se no mesmo relatório. “Para ter êxito, é necessário um investimento contínuo nos setores público e privado para dar a conhecer as inovações de XR em Portugal, garantindo que o país se mantenha no caminho certo para ser um ator-chave neste mercado em evolução.”

No caso da distribuição geográfica no nosso país, Lisboa concentra mais de metade das organizações (57%), seguindo-se o Porto (13%), Braga e Leiria (6% cada). Como já vimos anteriormente, a Educação, Cultura e Património, Eventos, Indústria e Saúde são os setores que lideram o uso de tecnologia XR. Contudo, a Publicidade, Retalho, Turismo e Hospitalidade são também mercados relevantes, ainda que em menor escala.

“Este relatório é especialmente importante, porque vem quebrar vários mitos sobre esta indústria. Mostra, por exemplo, que estas tecnologias vão muito além do gaming, uma vez que os maiores mercados verticais de XR nacional se situam na Educação e na Cultura, sendo que mais de 20% das organizações que constam no estudo trabalham nestas áreas. E só 50% das organizações estão a operar na região da Grande Lisboa, existindo muitas outras deste ecossistema que estão em todas as regiões do país”, refere Luis Bravo Martins, coordenador do relatório.

Por seu lado, a diretor da APDC, Sandra Fazenda Almeida, explica que esta associação “tem procurado desempenhar um papel essencial na promoção e dinamização deste ecossistema e continuará a liderar os esforços para posicionar Portugal como um hub de inovação em tecnologias imersivas, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de novos projetos e para a atração de talento internacional”.

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