Desde 2019 que a Iniciativa Educação desenvolve programas com públicos-alvo tão distintos como crianças com dificuldades de leitura, jovens do ensino profissional ou professores dos diferentes graus de ensino. Ao longo dos últimos meses, o Educar +, projeto da Iniciativa Educação em parceria com a TSF e o Dinheiro Vivo, analisou alguns destes projetos, dando a conhecer os especialistas que neles participam e os resultados alcançados até agora. Em destaque, estiveram três, o programa “A a Z - Ler Melhor, Saber Mais””, destinado a alunos do primeiro e segundo ano de escolaridade com dificuldades na aprendizagem da leitura, o programa “Ser Pro”, pensado para os alunos do ensino profissional e a Academia, estrutura criada para facultar formação a professores. Pôr a “mão nas letras” .“A a Z” começa ainda antes do contacto com os alunos, com a formação dos professores que nele vão estar envolvidos. Como explica Nuno Crato, presidente da Iniciativa Educação, “há programas muito diferentes de formação de professores. E o ensino da leitura - que deve ser explícito, organizado, começando pelas sílabas, pelas letras - nem em todos os locais recebe a mesma atenção na altura da formação inicial de professores”. Assim, esta formação prévia “é absolutamente necessária”. .Identificados os alunos com dificuldades, é feita uma avaliação inicial e aplicado o programa, procedendo-se a reavaliações a cada três semanas. No total, são feitas nove avaliações aos alunos em dificuldades, a que se juntam três avaliações que incluem também os alunos das turmas em que os primeiros estão inseridos. “Teoricamente o programa chega ao fim quando aluno atinge o nível médio da turma”, diz João Lopes, coordenador nacional. .Como explicou Fernando Ferreira, um dos professores envolvidos, é um programa muito prático, com quatro sessões semanais de 45 minutos durante as quais são trabalhados o desenvolvimento da linguagem oral e das competências de compreensão dos textos, o que acaba por motivar as crianças para a leitura. .Formar profissionais Os dados mais recentes mostram que, em Portugal, 40% dos alunos do ensino secundário frequenta cursos profissionais. Foi a pensar neles e no modo como podem adequar melhor a sua formação ao mercado de trabalho que, há cinco anos, foi criado o Ser Pro. De então para cá, o programa já apoiou 31 cursos, envolvendo 24 escolas, 431 alunos e 175 parceiros entre empresas, autarquias e Institutos Politécnicos, e tem ativos 15 cursos. .“No âmbito programa Ser Pro nós apoiamos o desenvolvimento de um curso profissional durante um ciclo de estudos (três anos) e depois vamos apoiar outro curso profissional que pode ser na mesma escola ou em regiões e territórios diferentes”, explica Filipa Oliveira, coordenadora nacional do programa, que lembra a boa aceitação que este tem tido. .“O feedback que temos por parte das escolas é bastante promissor”, explicou Filipa Oliveira que aponta as taxas de abandono (nulas) e os níveis de aproveitamento dos alunos como provas do sucesso do programa. “Ao promovermos esta interação com o tecido empresarial logo a partir do 10º ano, enriquecemos bastante a formação académica dos alunos que, desde o primeiro momento, têm a oportunidade de colaborar com as empresas”, defendeu. Uma colaboração que vai além do aconselhamento ao nível do plano curricular e inclui uma vertente prática com visitas dos alunos às empresas e a participação das empresas em contexto de sala de aula. .Colmatar a formação dos docentes Nuno Crato, presidente da Iniciativa Educação, não tem dúvidas quanto ao propósito da instituição: “Estamos a trabalhar para os alunos. O que queremos é que aprendam mais, saibam mais, estejam mais preparados para a vida. E os professores são os grandes agentes disso”. Com isto em mente, a Iniciativa Educação criou a Academia, uma estrutura dedicada à formação contínua de professores cujo propósito, diz Joana Serpa, docente universitária e gestora da Academia, é capacitar os professores para enfrentar da melhor maneira os novos desafios colocados por uma profissão em mudança .“Na Iniciativa Educação temos dois programas de interação com professores e os alunos: o programa A a Z e o programa Ser Pro. E em ambos os casos, os professores que trabalham neles connosco precisam e querem alguma atualização profissional”, refere Nuno Crato. A este nível, a Academia da IE tem vindo a atuar preparando tanto simples ações de informação como ações de formação que são devidamente creditadas .Independentemente do formato ou do público específico a que se destinam, as ações de formação de professores promovidas pela IE tem uma base científica sólida. “Estamos muito preocupados em que tudo o que dizemos seja baseado em dados, em investigação, em experiência de professores. E por isso no site temos uma larga área dedicada a este ponto: divulgar estatísticas, ter artigos sobre o que é que esses inquéritos dizem sobre a educação no nosso país, ter artigos sobre como ensinar”, explica Nuno Crato, que sublinha que esta informação é de acesso aberto a todos os interessados.