Os automóveis elétricos ou híbridos representaram no ano passado 51,9% das vendas de carros de ligeiros de passageiros, consolidando a liderança no mercado português. Isto significa que mais de metade dos 199 623 ligeiros de passageiros adquiridos em 2023 movem-se a energias alternativas, sendo que os elétricos valeram 18,2% deste mercado, os híbridos HEV (hybrid electric vehicles) pesaram 14,5% e os PHEV (plug-in hybrid electric vehicle) responderam por 13,6%, a que se soma ainda 5,6% de outros carros de cariz ecológico.
Estes dados foram divulgados ontem pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) e vêm confirmar a tendência de eletrificação do parque automóvel português. "É uma evolução que o mercado está paulatinamente a ter, apresentando crescimentos nunca vistos", afirma Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP. Só no mês de dezembro, as vendas de carros elétricos ascenderam a 23,8% do mercado. "A eletrificação é um fenómeno que está a acontecer", sublinha ainda.
A Tesla colocou no total do ano passado nas estradas nacionais 9329 automóveis ligeiros de passageiros, um crescimento de 256% face a 2022 que lhe garantiu a liderança neste segmento. Já a Polestar vendeu 295 carros, um aumento de 132%. A marca chinesa BYD, que se estreou em maio passado no país, registou 462 matrículas.
No total, o mercado de ligeiros de passageiros atingiu um crescimento de 26,9% face ao exercício de 2022, mas manteve-se em terreno negativo, apresentando uma queda de 11,2%, quando comparado com 2019. A marca líder de vendas foi a Peugeut, que comercializou 25 815 carros, mais 23,7% face a 2022. Seguiu-se a Renault (19 938, um aumento de 24,8%) e a Mercedes-Benz (15 977, mais 19,8%). A Dacia ocupou a quarta posição na lista das marcas mais requisitas, com a venda de 15 058 carros (mais 46%) e a fechar o top 5 surge a BMW, que colocou 13 963 novos automóveis a circular (mais 42,4%).
O segmento mais premium apresentou algumas quebras. Só foi vendido um automóvel da marca Rolls Royce ao longo de 2023, o que representa uma quebra de 75% face a 2022. A Maserati comercializou 47 viaturas, menos 43,4% face ao ano anterior, e a Jaguar contou 284 carros vendidos, menos 40,7%. Já a Aston Martin viu as vendas crescerem 27,5%, com a soma de 51 novos automóveis colocados em Portugal. Também a Ferrari aumentou o seu negócio em 3,1%, que traduz a venda de 33 veículos.
A mesma dificuldade de retoma verifica-se no nos veículos ligeiros de mercadorias que entraram em circulação em 2023. Este mercado absorveu 28 523 unidades, um crescimento de 20,7% face a 2022 e um decréscimo de 26% em comparação com 2019. Já as matrículas de pesados totalizaram 7907 unidades, mais 26,9% relativamente ao exercício precedente e, em contraciclo com os outros segmentos, um aumento de 33,7% quando comparado com 2019.
De acordo com os dados da ACAP, entraram no mercado um total de 236 053 novos veículos, o que representou um aumento de 26,1% relativamente a 2022, mas uma diminuição de 12,3% face ao ano de 2019.
Segundo Hélder Pedro, é preciso recuar a 2022 para explicar a dificuldade da retoma do mercado automóvel português para níveis pré-pandémicos. Nesse ano, os fabricantes enfrentaram uma escassez de componentes, o que reduziu a produção de automóveis. Em 2023, a Autoeuropa e outras fábricas do grupo Volkswagen também suspenderam o fabrico por falhas no abastecimento de peças. Mas essas situações estão já resolvidas, estando o mercado condicionado pelo poder de compra dos portugueses e pela fiscalidade elevada no momento da compra, diz o secretário-geral da ACAP.
A expetativa da associação é que o mercado automóvel português regresse este ano aos valores anteriores à crise da covid. Ainda assim, Hélder Pedro realça existirem condicionantes para a concretização deste objetivo. Uma, de caráter interno, prende-se com as eleições marcadas para 10 de março, que normalmente são alturas de adiamento de decisões das famílias e empresas. A outra, de nível internacional, são as guerras em território da Ucrânia e da Palestina, que podem ter efeitos no preço do barril do petróleo e nas taxas de juro.