A TCL, multinacional chinesa de eletrónica de consumo, marcou presença, pela primeira vez, na Semana do Design de Milão, onde apresentou as suas novidades para 2023 na área do entretenimento, bem como três protótipos de televisores ainda em desenvolvimento. À margem do evento, Frédéric Langin, responsável comercial da TCL Europe, falou ao Dinheiro Vivo sobre as expectativas da empresa para o mercado nacional, dando conta que, aos telemóveis e televisores que a TCL já vende em Portugal se junta, a partir de 2024, a sua linha de eletrodomésticos. Tiago Abreu, designer português que lidera o gabinete de inovação na TCL Electronics, falou da experiência de criação e antecipação do que serão os produtos do futuro.
"Depois do disparar das vendas de artigos de telecomunicações, informática e entretenimento, durante a pandemia, 2022 foi um ano de correção pós-covid. A venda de televisores nos mercados europeus caiu cerca de 10% e, apesar disso, a TCL cresceu 5,3% em volume, o que foi um excelente resultado da nossa força de vendas", afiança Frédéric Langin, sublinhando que a TCL é a segunda marca de televisores mais vendida no mundo, tendo ascendido ao terceiro lugar na Europa - atrás da Samsung e da LG -, com uma quota de 5,7%. E apesar de o mercado ainda "continuar difícil", o objetivo, para este ano, é chegar aos 8%.
Presente no mercado português "há mais de 20 anos" - foi em 2002 que fez uma joint-venture com a Alcatel e entrou no segmento dos telemóveis, operação que depois viria a adquirir -, no segmento de telemóveis e, desde 2019, com os televisores, a TCL não tem ainda uma posição "tão consolidada" nesta área como noutros destinos. "É um mercado que começámos há muito pouco tempo, mas estamos otimistas. Sentimos que a marca tem uma excelente oferta de produtos com argumentos de venda únicos, além de que temos a sorte de sermos muito bem sucedidos em Portugal com os telemóveis, o que nos dá reconhecimento de marca", refere este responsável.
O objetivo é assumir-se também como a terceira marca de TV mais vendida também em Portugal, uma meta que Patrícia Carvalheiro Dias, a responsável pelo mercado nacional, admite que possa acontecer nos próximos três anos.
Sobre a linha de eletrodomésticos, que a TCL tem vindo a lançar gradualmente nos vários mercados, Frédéric Langin admite que chegará a Portugal em 2024. "Gostamos de fazer as coisas passo a passo. Há que testar o mercado, ganhar quota e ganhar confiança junto dos retalhistas e dos consumidores. Mas estamos a caminho", diz. A inflação na Europa é uma preocupação, mas a proposta de valor da TCL é a ideal para um momento como este. "A nossa aposta é na oferta de tecnologias premium a preços acessíveis, que as pessoas possam pagar, e isso é hoje mais importante do que nunca", frisa.
Novos produtos com foco no entretenimento
Quanto aos novos produtos, a TCL promete oferecer "a melhor e mais imersiva experiência" aos consumidores, incluindo o segmento de gaming e apreciadores de desporto e cinema, com novas soundbars para emparelhar com as suas televisões e com três novos televisores, os C645, C745, que vêm reforçar a gama QLED 4K, e o C845, a 5.ª geração da tecnologia Mini LED, que, explicou o responsável de Gestão de Produtos da TCL Europe, "é capaz de atingir um pico de brilho de 2000 nits HDR, assegurando um ecrã cristalino, mesmo em plena luz do dia". Apesar disso, a tecnologia usada permite "reduzir drasticamente o consumo energético", assegura Olivier Semenoux.
Coube a este responsável explicar os desenvolvimentos tecnológicos do grupo, dando conta que, desde 2009, quando criou a CSOT, a empresa de desenvolvimento e produção de ecrãs, a TCL investiu já 39 mil milhões de dólares (sensivelmente 36 mil milhões de euros). Conta hoje com nove unidades de produção de painéis em todo o mundo, 43 centros de investigação e desenvolvimento e mais de 18 600 profissionais ligados à inovação. Uma aposta que resultou em mais de 100 mil patentes registadas, disse, garantindo que o grupo é o número dois em termos de patentes de quantum dot (QD, a tecnologia utilizada nos monitores QLED e QD-OLED).
Com dimensões que vão das 55 às 98 polegadas, mas sem data precisa ainda de arranque da comercialização em Portugal, estes novos modelos de televisores vão ter preços que oscilam entre os 599 e os 1799 euros.
CitaçãocitacaoO design é uma das grandes apostas da TCL que, só em 2022, arrecadou 28 prémios de design. E em 2023 o seu novo novo TCL S64 Series Home Theatre Soundbar ganhou o Red Dot Award
A presença da TCL na Semana de Design de Milão ficou ainda marcada pela exposição Elements - TCL Green Horizon com a qual, e através do recurso a "obras de arte sustentáveis e a experiências imersivas", a empresa procurou demonstrar que a "natureza sempre foi e ainda é a maior fonte de inspiração, criatividade, inovação e tecnologia".
A aposta na sustentabilidade é uma das linhas de desenvolvimento da multinacional chinesa que, em setembro de 2022, lançou a campanha TCL Green. Na conferência de Milão, Frédéric Langin destacou a "eco-consciência" que a TCL coloca "em tudo o que faz", sublinhando que a empresa investiu 1,04 mil milhões de dólares em proteção ambiental, o que lhe permitiu economizar 230 milhões de toneladas de água, comprometendo-se a reduzir em 18%, até 2025, as emissões de gases com efeito de estufa, bem como cortar o consumo de energia em 13% e o de gás natural em 70%. Os gastos de água serão reduzidos em 27%. O uso de embalagens mais amigas do ambiente e o recurso crescente a materiais sustentáveis e a energias verdes são outros dos compromissos assumidos no âmbito do TCL Green.
E como será a TV do futuro?
A ART TV+, que permite costumizar a moldura do televisor à decoração da casa, e que é acompanhada por um soundbar com 12 colunas, algumas das quais destacáveis - podem ser colocadas noutros pontos da sala para criar um efeito stereo ou mesmo levadas para outras divisões da casa - é o mais avançado dos três protótipos apresentados em Milão. Falta apenas testar o conceito com retalhistas e consumidores, antes de definir se chega ao mercado.
Em fase mais inicial estão os projetos TCL Dune, um ecrã de 32 polegadas acoplado numa coluna de som, com rodas, que pode ser deslocado pela casa, e a TCL Telly Table que, como o nome o indica, é uma mesa de sala de estar, em madeira e biocouro, com um ecrã LCD que convida à partilha de experiências. Seja para ver televisão ou para jogar um jogo.
"A tecnologia deve servir para juntar as pessoas, para criar ambientes sociais que levem à interação", defende o designer Tiago Abreu que, há cinco anos, se mudou para a China para trabalhar na TCL. Nos últimos três, é o responsável do Design Inovation Center e do X-LAB da TCL Electronics, departamento onde, com mais 200 designers e engenheiros, procuram "criar conceitos de modo a questionar futuras oportunidades de produto", mas também avaliar "se estas se adequam ao roadmap e à capacidade tecnológica da empresa". E, claro, tudo depende também do investimento necessário, do valor de negócio e da apetência, ou não, do mercado para absorver as novidades.
A Telly Table foi apresentada especificamente em Milão como forma de homenagear a feira de mobiliário que decorre, anualmente, em simultâneo com a Semana do Design, nesta cidade italiana, referiu, ainda, Tiago Abreu.
*A jornalista viajou para Milão a convite da TCL