As empresas da região Norte, e com especial incidência as do Grande Porto, estão a abrir vagas de emprego, contrariando o movimento negativo que se regista no restante território nacional. Apesar de demonstrar um "otimismo cauteloso", o tecido empresarial nortenho é o único do país a apresentar uma intenção positiva de criação líquida de emprego. Nos próximos três meses, a projeção para a criação líquida de emprego no Norte é positiva em 1% e no Grande Porto atinge os 4%, estimativas que comparam com a redução de 1% prevista para o total do país, avança o estudo do grupo Manpower sobre o mercado de trabalho no segundo trimestre deste ano.
"A tendência mais positiva que observamos na região Norte e Grande Porto está principalmente ligada ao perfil do seu tecido empresarial, que é marcado por um grau elevado de especialização industrial e de serviços a empresas", justifica Rui Teixeira, diretor-geral da ManpowerGroup Portugal. Neste momento, as empresas querem colaboradores para as áreas financeiras e de investimento, para os centros de serviços partilhados e multi-línguas, e ainda para o setor tecnológico e de tecnologias de informação. Cargos ligados à engenharia são também dos mais procurados pelos empregadores do Norte, diz o responsável da empresa de recrutamento. Apesar do forte impacto da pandemia no turismo, Rui Teixeira regista oportunidades de emprego na construção e imobiliário, setores onde o investimento dos grandes grupos económicos não parou.
Situação diversa a Sul
Ainda assim, o mercado de trabalho não é o mesmo que há um ano, quando os portugueses começaram a enfrentar a crise sanitária. É que, nessa altura, as empresas estavam mais otimistas com a evolução da situação económica no país e no mundo. Apesar da tendência positiva de criação de emprego nos territórios mais a norte do país, a projeção dos empregadores desta região cai quatro pontos percentuais quando comparada com o primeiro trimestre deste ano e 10 face ao homólogo de 2020. As perspetivas no Grande Porto são idênticas: os planos de contratação caem um ponto face ao período janeiro/março e oito pontos quando comparado com há um ano.
Rui Teixeira lembra que, no primeiro confinamento, "havia uma grande incerteza face à covid, mas também uma esperança de que fosse algo com pouco impacto a curto prazo, de fácil resolução". A realidade foi outra, com repercussões na capacidade das empresas de criar e manter emprego, e no nível de confiança face ao futuro. O plano de vacinação veio dar um novo alento, e os empregadores estão mais otimistas. Segundo o responsável, o sentimento de grande parte das empresas é que, em menos de um ano, conseguirá regressar à situação pré-pandémica.
Na Grande Lisboa, as empresas estão bastante pessimistas e admitem uma redução do número de trabalhadores. As previsões de contratação reduziram-se em oito pontos percentuais para o segundo trimestre do ano, atingindo uma projeção 5% negativa em termos de criação líquida de emprego. No Centro, a realidade não é muito distinta, os empregadores apontam para uma tendência negativa de 3%, e no Sul - num cenário de larga incerteza - para menos 1%. Nestas geografias, o mercado de trabalho está especialmente afetado pela quebra histórica dos níveis de atividade dos setores da restauração e hotelaria, mas também do comércio grossista e retalhista, indústria e construção.