Sólido. Os espanhóis da South Europe – que ganharam o concurso de atribuição de licenças de handling nos aeroportos nacionais – estão firmes na intenção de vir a operar em Portugal, mesmo apesar da forte oposição que o atual incumbente, a Menzies, tem vindo a montar para os impedir.”Nós continuamos a ter o mesmo interesse que tínhamos no dia em que nos apresentamos a concurso. Ou seja, 100%. Queremos respeitar as fases do processo e acreditamos que estamos a avançar no timing apropriado”, disse ao DN o CEO da South Europe, do grupo IAG (donos da Iberia e da British Airways), Miguel Ángel Gimeno.Tal como escreveu anteriormente o DN, a Menzies (antiga Groundforce), atual operadora, vai abrir uma “guerra” contra o consórcio que ganhou o concurso da ANAC (a Clece/South), contestando a pontuação que deu vitória à South. A Menzies, apurou o DN, tem aludido a eventuais despedimentos caso o resultado do concurso fique como está.A empresa alega que o concurso não prevê a transmissão de estabelecimento e que a Clece/South não poderá garantir os postos de trabalho dos milhares de trabalhadores que prestam serviço na assistência de escala. Um argumento que, em 2016, vitimou a própria Menzies, quando a empresa britânica se apresentou e ganhou o concurso às licenças de Lisboa e Faro, então contra a Groundforce de Alfredo Casimiro. Na altura, a Groundforce recorreu, afirmando que a Menzies não conseguiria absorver a sua mão de obra (mais de 2.800 trabalhadores) especializada e com formação e autorizações para a tarefa. A Groundforce ganhou o recurso e tudo se manteve como até então, até que a Menzies ficou com a Groundforce após o processo de insolvência. Certo é que o processo não vai ser rápido. No momento em que anunciou o resultado do concurso, a ANAC já tinha proposto um ano de prorrogação das licenças da Menzies, para que não houvesse disrrupção das operações de assistência em escala nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. As licenças expiravam a 19 de novembro.No entanto, o Governo decidiu renovar por apenas seis meses a autorização operacional da Menzies. De acordo com o Expresso, o ministério tutelado por Miguel Pinto Luz, considerou que a extensão anual era “desproporcionada”. Mas é um sinal que de o Governo pretende ou uma transição rápida para outro operador ou uma definição rápida da manutenção da Menzies como operador.South em conversa com os players até quarta-feiraSeja como for, a South está mais interessada em manter o seu roadmap para entrar no handling português e, para começar, isso passa por conversas com o Governo, com a ANA e com os sindicatos que representam os trabalhadores do handling, algo que acontecerá até quarta-feira.“Prefiro não ter mal-entendidos e também gosto de ser muito claro e muito transparente. Uma vez que nos tenhamos reunido com todos os players, já estarei mais livre para falar mais”, diz ao DN Miguel Ángel Gimeno.Mas o interesse em Portugal é evidente e estratégico para a empresa. “Somos una empresa de handling. E no final de contas uma licença em Portugal, e nestes aeroportos, que são bastante importantes, é o nosso negócio, o nosso core. Dedicamo-nos a isto. Não creio que pudéssemos deixar de ir a concurso aqui, sobretudo por causa dos nossos trabalhadores”, afirma o CEO da South.Criada em 2024, a South é a filial de handling do Grupo IAG. É líder em Espanha, onde opera em 38 aeroportos. Presta serviços de handling às companhias do grupo IAG: Iberia, Iberia Express, Vueling, LEVEL Airlines, British Airways, Air Nostrum e Aer Lingus.Qual é o racional de entrar agora em Portugal? Está a empresa já a sonhar com o potencial do novo aeroporto a construir em Alcochete? “Claro [que o novo aeroporto] está em cima da mesa, mas não faz parte da decisão da South [de entrar em Portugal]. Temos 38 aeroportos, sim, alguns como o do Porto, outros como Faro e até como o de Lisboa. Por isso, acreditamos que o nosso modelo de negócio é replicável em Portugal”, completa Miguel Ángel Gimeno.