Estudo revela que a digitalização em Portugal terá contribuído para um aumento de 13% do PIB

No total, "o setor digital ajuda a sustentar cerca de 3 milhões de empregos, a gerar 90 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto e a contribuir com 30 mil milhões de receita fiscal".
De acordo com um estudo elaborado pela Comissão Europeia em 2022, cerca de 97% dos aplicativos e sites mais populares na União Europeia utilizam pelo menos um tipo de padrão obscuro na configuração de seu design.
De acordo com um estudo elaborado pela Comissão Europeia em 2022, cerca de 97% dos aplicativos e sites mais populares na União Europeia utilizam pelo menos um tipo de padrão obscuro na configuração de seu design.Foto: Unsplash
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A digitalização terá contribuído para um aumento de 13% do PIB e a IA é hoje o principal motor de produtividade e disrupção, referem à Lusa os autores do estudo do Impacto da Economia Digital em Portugal.

Questionado sobre quais dados que destaca, Filipe Grilo, coordenador científico do estudo feito pela ACEPI e GoingNext, em parceria com a Porto Business School, sublinhou que este "sugere que a digitalização tenha contribuído para um aumento de 13% do PIB [produto interno bruto] português, 19% do emprego e 13% dos salários".

De acordo com o professor da Porto Business School, "este impacto vai muito além das empresas tecnológicas: abrange todos os setores que integram ferramentas digitais nas suas operações", da indústria ao retalho, agricultura, logística ou turismo.

No total, "o setor digital ajuda a sustentar cerca de 3 milhões de empregos, a gerar 90 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto e a contribuir com 30 mil milhões de receita fiscal".

Por exemplo, só o núcleo tecnológico — o chamado 'setor puro digital' — "representa já 500 mil postos de trabalho e 17 mil milhões de euros em valor acrescentado, com um efeito multiplicador de 2,7 sobre a economia portuguesa: por cada euro gerado, cria-se quase o triplo em valor económico total", prosseguiu.

"Estes números deixam claro que o digital não é apenas um setor, mas sim um motor transversal de modernização e crescimento estrutural, com impacto direto e indireto em toda a economia", disse Filipe Grilo.

Portugal "já não está estruturalmente atrasado em termos de acesso à tecnologia, temos redes, temos software, temos infraestruturas", agora o desafio é "usar o digital com inteligência para transformar os modelos de negócio, os processos internos e a forma como se cria valor", referiu o professor.

"E é aí que continua a existir um bloqueio estrutural em Portugal — muitas vezes, a tecnologia é adotada, mas não é bem integrada, fica à superfície" e este bloqueio "está ligado a um problema mais profundo: um défice crónico de qualidade de gestão, que se reflete na dificuldade em alinhar pessoas, processos e tecnologia de forma consistente", apontou Filipe Grilo.

A transformação digital "exige liderança com visão, capacidade de execução e métricas claras — e isso não se resolve com software, resolve-se com competência organizacional", salientou, referindo que "é nesse plano que instituições como a Porto Business School procuram intervir, ajudando empresas e gestores a desenvolver a maturidade necessária para que o digital produza resultados reais — não só nos indicadores tecnológicos, mas sobretudo na produtividade, competitividade e criação de valor".

Sobre o papel da inteligência artificial (IA), Gabriel Coimbra, 'partner' da GoingNext, apontou que esta é "hoje o principal motor de produtividade e disrupção económica em Portugal, atuando como catalisador da transformação digital em praticamente todos os setores".

O estudo identifica que a IA pode ser aplicada em três eixos: automatização e eficiência operacional; criação de valor e novos modelos de negócio; e transformação estrutural do setor público, elencou.

Mais de três quartos (77%) das empresas que usam IA "já reportam ganhos concretos de produtividade, sobretudo através da automação de tarefas repetitivas, da análise de dados e da melhoria do serviço ao cliente. Mas é preciso muito mais, principalmente ao nível da criação de valor e novos modelos de negócio", acrescentou.

Por outro lado, "a IA permite desenvolver produtos e serviços baseados em dados, personalização em tempo real e soluções 'as-a-service', reforçando a competitividade nacional, é onde estamos mais atrasados", apontou Gabriel Coimbra.

"O estudo conclui que Portugal reúne condições sólidas para liderar a nova fase de inovação digital, com infraestruturas robustas, talento qualificado e um ecossistema empresarial cada vez mais preparado para integrar IA nos seus processos produtivos, saúde, educação e administração pública, mas é preciso acelerar ainda mais a adoção e criação de valor a curto e médio prazo", rematou o responsável.

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