A Galp mantém a previsão de até ao final do ano encontrar um parceiro com “apetite” para o desenvolvimento do projeto de exploração de petróleo na Namíbia, um ativo com elevado potencial mas que exige um investimento avultado.“Estamos à procura de um parceiro altamente robusto do ponto de vista de capacidade de execução, com reputação e com apetite para acelerar o desenvolvimento do projeto”, afirmou o administrador executivo da Galp, Nuno Bastos, responsável pela área de ‘upstream’, produção e exploração de petróleo e gás natural, durante um encontro com jornalistas.O objetivo, acrescentou, é “chegar ao ‘first oil’ [arranque da produção de petróleo] o mais rápido possível” do projeto, cujo investimento poderá atingir entre 10 e 12 mil milhões de euros. Nuno Bastos sublinhou que “cada mês que estivermos sentados à espera que outros façam as suas análises é tempo perdido”, acrescentado que estão disponíveis para abrir a parceiros até metade do capital que detêm no projeto.A Galp detém 80% do bloco PEL 83, com 10% pertencentes à petrolífera estatal namibiana Namcor e 10% a um parceiro privado local. O bloco, com uma área de 10 mil quilómetros quadrados — “o equivalente a 11% do território nacional” —, tem um potencial estimado de 10 mil milhões de barris de óleo equivalente, segundo dados da empresa.“Estamos numa fase de exploração e ‘appraisal’ [avaliação] e nunca estaremos a produzir antes de 2030”, estimou o gestor, que recordou que o desenvolvimento de projetos petrolíferos “é um processo de longo prazo, com riscos e investimentos avultados”.Nuno Bastos salientou que a Galp está “orgulhosa” por ter avançado sozinha até esta fase, antes de abrir o capital a um novo parceiro. “Depois de perfurarmos e mostrarmos o valor do ativo, entrámos num campeonato diferente — hoje temos uma posição muito mais forte para negociar”, disse.Sobre a transição energética, o administrador considerou que “é cada vez mais consensual que vai demorar mais tempo do que se esperava”. “Tivemos uma guerra na Europa e temas fortes de segurança de abastecimento. Ficou evidente que a sustentabilidade a todo o custo não é possível”, afirmou.Para Nuno Bastos, o mundo vive agora “numa lógica de aditividade energética, e não de subtração — todas as fontes de energia vão ser críticas”.O responsável reiterou que a Galp continuará a investir em hidrogénio, biocombustíveis e energias renováveis, financiando esses projetos com o ‘cash flow’gerado pelo ‘upstream’. “É esta geração de caixa que nos permite reinvestir na descarbonização e no pagamento de dividendos”, afirmou.Ainda assim, lamentou que os apoios públicos em Portugal sejam limitados quando comparados com os de Espanha. “No hidrogénio tivemos um apoio de nove milhões de euros e 11 milhões para o HVO [biocombustível]. Em Espanha, projetos idênticos receberam 150 a 165 milhões”, destacou.Nuno Bastos concluiu defendendo que a Galp “tem capital, 'expertise' e ambição para continuar a crescer no ‘upstream’ e sustentar a transição energética ao longo dos próximos anos”..Galp quer acelerar produção no projeto Bacalhau no Brasil