
Foi aprovada e publicada em Diário da República a criação da Zona Livre Tecnológica (ZLT) de Aveiro. João Veloso, vice-reitor para a Cooperação Universidade-Sociedade da Universidade de Aveiro, entidade gestora e líder do consórcio de exploração, explica ao Dinheiro Vivo que o foco da ZLT-Aveiro é a experimentação e o teste operacional de tecnologia e sistemas de comunicação e eletrónica, com o cruzamento entre terra, ar, mar e espaço, e respetivos sistemas de mobilidade nesses meios, bem como tecnologias associadas ao mar e à economia do mar.
O processo iniciou-se há mais de dois anos com a submissão da manifestação de interesse à Associação Nacional de Inovação (ANI), explica o responsável pela entidade gestora. “Na Europa, não existe um modelo idêntico ao das Zonas Livres Tecnológicas portuguesas, cuja criação resultou de um processo aberto e orientado pela ANI”, prossegue João Veloso. “Este modelo foi desenhado para ser suficientemente flexível para permitir a experimentação de tecnologias disruptivas com o envolvimento direto de diferentes entidades portuguesas, entre as quais as entidades reguladoras.”
Já há duas empresas interessadas em testar novas tecnologias na ZLT-Aveiro, na área do desenvolvimento de drones, que aguardavam por esta aprovação para iniciarem os testes dos seus produtos. “Na sequência desta aprovação iremos avançar rapidamente para a operacionalização da ZLT-Aveiro e dar resposta a estas e outras potenciais interessadas”, adianta o vice-reitor para a Cooperação Universidade-Sociedade da Universidade de Aveiro. “A ZLT-Aveiro disponibilizará um pacote de serviços completo, integrando infraestruturas de experimentação e teste, suporte logístico e acompanhamento e suporte em termos regulamentares.”
A diferenciação da ZLT-Aveiro está no território alargado, que abrange os municípios de Aveiro e Ílhavo, o que combina características geográficas diferentes e infraestruturas estratégicas. O consórcio liderado pela Universidade de Aveiro, o consórcio de gestão conta com a participação dos Municípios de Aveiro e Ílhavo, do Porto de Aveiro, do Instituto de Telecomunicações, do PCI – Parque de Ciência e Inovação e do Cluster TICE.
A ZLT-Aveiro pode posicionar a região como um polo de atração para a indústria da defesa e trazer investimento estrangeiro, conforme explica ao Dinheiro Vivo o diretor-geral do Parque de Ciência e Inovação de Aveiro, Luís Barbosa. “Os setores de atividade definidos como estratégicos no PCI, têm relação direta ou indireta com a indústria da defesa, nomeadamente os sectores da aeronáutica e espaço, indústria e energia. O mesmo acontece com as áreas tecnológicas prioritárias em que o PCI esta a trabalhar incluindo Deep Tech - Cibersegurança, Digital Twins, Big Data e Analytics, Inteligência Artificial, entre outras assumem extrema relevância para a indústria em geral como elemento atrativo de investimento estrangeiro.”
Por seu lado, João Veloso considera que “Aveiro já se destaca como um polo de inovação tecnológica, com uma elevada maturidade tecnológica quando comparada com o resto do país, um tecido empresarial altamente especializado e um ecossistema académico dinâmico”. A criação da ZLT-Aveiro irá “reforçar essa posição ao atrair novas empresas inovadoras e cadeias de valor com a mesma maturidade, criando novas oportunidades de desenvolvimento, cooperação e internacionalização”.
A publicação em Diário da República, de 18 de março, define a visão do consórcio para a ZLT de Aveiro como a criação da “principal infraestrutura europeia dedicada à experimentação e teste, em ambiente real, de tecnologias e sistemas de comunicação e eletrónica. Esta infraestrutura abrangerá contextos urbanos e periurbanos, operações logísticas com e sem condução humana, atividades espaciais e testes em ecossistemas naturais diversos, incluindo ambientes terrestres, lacustres, estuarinos e marítimos”.