Os deputados da Comissão de Infraestruturas, Mobilidade e Habitação aprovaram hoje requerimentos para ouvir a Infraestruturas de Portugal (IP) e o ministro Miguel Pinto Luz sobre o traçado da linha de alta velocidade em Gaia, segundo fonte parlamentar.De acordo com fonte daquela comissão da Assembleia da República, o requerimento do PSD para "audição da IP Infraestruturas de Portugal, S.A., sobre a Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa (troço Porto/Oiã)" e o do PS para "audição do Senhor Ministro das Infraestruturas e da Habitação para esclarecimento sobre a alteração da localização da Estação de Gaia na LAV Porto – Lisboa" foram hoje aprovados por unanimidade.Em causa está uma proposta alternativa para a estação da linha de alta velocidade de Gaia, cujo contrato de concessão assinado pelas partes define que será em Santo Ovídio, mas que o consórcio signatário AVAN Norte (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto) quer construir fora do local previsto, em Vilar do Paraíso, numa zona de Reserva Ecológica Nacional e Reserva Agrícola Nacional.Na semana passada, o porta-voz da Associação das Empresas da Zona Industrial de São Caetano, em Gaia, denunciou à Lusa que o projeto da linha de alta velocidade "está repleto de opacidade", instando o Governo a "assumir as suas responsabilidades" e concordando, numa audiência parlamentar, com a existência de "chantagem".A associação acredita que a mudança da localização da estação, com mais traçado à superfície, implica a alteração do traçado e a expropriações não inicialmente previstas na zona industrial de São Caetano.O Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) do troço Porto - Oiã da linha de alta velocidade entrou hoje em consulta pública no portal participa.pt, estando esta disponível até 11 de novembro.O número de demolições previstas no projeto da linha de alta velocidade entre o Porto e Oiã é de 236, das quais 185 habitações e 45 empresas, segundo o RECAPE.A IP está a fazer uma "análise técnica e jurídica" da proposta do consórcio para a estação de Gaia de alta velocidade, confirmando ter recebido elementos fora do submetido no concurso público.O Banco Europeu de Investimento (BEI) afirmou à Lusa em setembro que financiou a linha de alta velocidade baseando-se na proposta que cumpre as especificações do concurso público, que a proposta inicialmente submetida pelo consórcio "reflete a profundidade e as especificações aprovadas durante o processo de concurso público e vertida na Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do projeto", e que "qualquer alteração material ao projeto requereria uma revisão formal da parte dos credores e das autoridades relevantes".O troço Porto-Oiã da linha de alta velocidade teve um financiamento do BEI de 875 milhões de euros, com o custo total do troço a ser de 1.661 milhões de euros.A localização da estação de alta velocidade de Gaia em Santo Ovídio, com ligação às duas linhas de metro (Amarela e Rubi), e a solução de uma ponte rodoferroviária sobre o Douro estão previstas desde setembro de 2022, aquando da primeira apresentação do projeto da linha de alta velocidade.O ministro Miguel Pinto Luz disse em 11 de outubro que "ao dia de hoje, para o Estado, a estação será no sítio que estava previsto", mas lembrou que o caderno de encargos permitia "otimizar soluções", depois de considerar "importante esclarecer" o tema em termos legais e jurídicos, em setembro.Em abril, o Governo assegurou que "qualquer eventual alteração terá de ser plenamente salvaguardada do ponto de vista legal, estar em total concordância com os requisitos do caderno de encargos e assegurar o acordo dos municípios".A primeira fase (Porto-Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030, estando previsto que a segunda fase (Soure-Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.Já a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), prevista para 2032, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).No total, segundo o anterior governo, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros..Contrato de concessão do TGV define uma ponte sobre o Douro e estação em Santo Ovídio