Tensão geopolítica afeta construção em 2024, mas prevê-se crescimento de 5,5% até 2030

De acordo com relatório da Deloitte, esse crescimento será sustentado por fatores como urbanização, envelhecimento da população, digitalização e descarbonização.
Expectativa é de crescimento no setor da construção
Expectativa é de crescimento no setor da construçãoJosé Carmo/Global Imagens
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As cem maiores empresas do setor da construção a nível global geraram, em 2024, vendas totais de 1,978 biliões de dólares, o que equivale a aproximadamente 1,8 biliões de euros à taxa de câmbio atual, de acordo com o relatório Global Powers of Construction 2024 da Deloitte.

Mais da metade desta receita (51,2%) provém de empresas chinesas, seguidas pela Europa (22,0%), Japão (9,1%), Estados Unidos (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%).

Embora a receita total tenha descido ligeiramente em relação ao ano anterior (uma quebra de 1%), a distribuição geográfica das vendas manteve-se estável. Destaca-se uma diminuição de 5% nas receitas das empresas chinesas, enquanto outras regiões, como a Europa, apresentaram um aumento nas vendas.

A Mota-Engil, a única empresa portuguesa incluída no ranking, subiu para a 52ª posição, alcançando um volume de vendas de 6.439 milhões de dólares (cerca de 5,8 mil milhões de euros) e uma capitalização de mercado de 925 milhões de dólares (aproximadamente 830 milhões de euros).

A Europa, com 42 empresas no ranking, continua a ter a maior representação regional, e as vendas das construtoras europeias cresceram 6,2%, totalizando 435,9 mil milhões de dólares (cerca de 395 mil milhões de euros).

Apesar da capitalização de mercado das empresas europeias ter recuado 4,9%, três grupos franceses foram os principais responsáveis por esta queda. Por outro lado, os grupos espanhóis destacaram-se, com um aumento de 11,9% nas vendas, impulsionado por empresas como a ACS e Acciona.

As empresas europeias continuam a liderar a internacionalização, com 66% das suas receitas provenientes de mercados externos. A VINCI, por exemplo, manteve-se no topo do ranking de vendas internacionais, gerando 44,8 mil milhões de dólares (cerca de 40,5 mil milhões de euros).

A Deloitte projeta, apesar da desaceleração em 2024, uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 5,5% para o setor entre 2025 e 2030.

Esse crescimento será sustentado por fatores como urbanização, envelhecimento da população, digitalização e descarbonização. Esses elementos deverão impulsionar investimentos significativos em transportes, energia, telecomunicações e ativos digitais, apoiados pela adoção de tecnologias como o Building Information Modelling (BIM) e soluções de gestão baseadas em inteligência artificial.

Miguel Fontes, partner da Deloitte, salienta que “a incerteza geopolítica tem conduzido a uma desaceleração económica generalizada, com impacto significativo no setor da construção”. Acrescentou que, apesar dos desafios, o setor demonstra resiliência e perspetivas de crescimento até 2030, impulsionadas por fatores como urbanização e digitalização.

No entanto, a curto prazo, as perspetivas permanecem incertas. A produção global de construção cresceu 3,1% em 2024, mas espera-se que desacelere para 2,3% em 2025 devido a riscos de recessão e tensões comerciais, mesmo com a descida da inflação, destaca o relatório.

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