Endesa com resultados líquidos a crescer 38,4% até setembro

O impacto da pandemia está estimado em 81 milhões de euros, mas a companhia diz-se "empenhada em cumprir" os objetivos financeiros fixados para 2020
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A Endesa fechou os primeiros nove meses do ano com resultados líquidos ordinários de 1.700 milhões de euros, mais 38,4% do que no mesmo período do ano anterior. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 8,2% para 3.136 milhões de euros, com o impacto da covid-19 estimado em 81 milhões de euros, um milhão a mais, apenas, do que o valor contabilizado no final do primeiro semestre do ano. Em comunicado, a empresa sublinha que "está a conseguir resistir aos efeitos da pandemia", bem como da "crescente concorrência no mercado liberalizado" e garante que "continua empenhada em cumprir" os objetivos financeiros fixados para 2020, ao mesmo tempo que "avança no processo de descarbonização e crescimento do parque de energias renováveis" na Península Ibérica.

Os resultados líquidos ordinários da companhia foram afetados pela reversão da provisão que a Endesa havia feito para os benefícios sociais decorrentes da aplicação do novo acordo coletivo-quadro, processo que foi alvo de uma longa ação judicial, que a empresa venceu, recuperando o valor provisionado. A provisão contribuiu com 515 milhões para o resultado bruto de exploração e 386 milhões para o resultado líquido. Por outro lado, há, ainda, a ter em conta o impacto da provisão por saídas de funcionários contabilizada no primeiro trimestre (que deduz 159 milhões no EBITDA e 119 milhões no lucro líquido). No total, o conjunto das duas parcelas, têm um efeito de 356 milhões no EBITDA e de 267 milhões no lucro líquido.

No comunicado, a Endesa dá, ainda, conta da diminuição em 57% das provisões para amortizações e perdas por imparidade, face ao período homólogo, para 1.104 milhões. No ano passado, a empresa acordou a descontinuação do seu negócio de carvão na Península "e registrou uma deterioração de carácter extraordinário".

No comunicado, o CEO da Endesa destaca que os "resultados sólidos", apesar da "complexidade" da conjuntura. "Durante estes meses, para além da gestão da empresa com rigor e empenho e da implementação de um intenso plano de descarbonização, da instalação de capacidade renovável e da eletrificação da procura, a nossa prioridade tem sido responder às necessidades de milhares de clientes e minimizar o efeito da pandemia nas comunidades onde estamos presentes", frisa José Bogas.

A procura de eletricidade caíu 6,1% na Península Ibérica , 21,3% nas Baleares e 10,1% nas Ilhas Canárias. Ao mesmo tempo, o preço médio da energia caiu 36,1%. No gás, onde a Endesa é o segundo operador em Espanha com uma quota de 15,6% no mercado liberalizado, a procura diminuiu 7,1% em termos homólogos.

"Nesse cenário, a empresa de energia mantém o crescimento dos resultados do negócio liberalizado. A margem bruta aumentou 9%, para 2.225 milhões, e o Ebitda, 20%, situando-se nos 1.390 milhões (excluindo o impacto líquido das provisões). Os custos fixos nesta área de atividade diminuíram 48 milhões para 835 milhões (também excluindo o impacto líquido das provisões)", pode ler-se no comunicado.

Nas renovéis, a Endesa aumentou seu parque gerador solar e eólico em 800 MW (13% a mais) em relação a setembro do ano passado, para 7.478 MW em operação. A empresa destaca, ainda, que ganhou um projeto fotovoltaico de 99 MW com um sistema de armazenamento adicional de 20 MW no leilão solar em Portugal, projeto que entrará em operação em 2024 e envolverá um investimento de 90 milhões.

A dívida bruta agravou-se, passando de 6.607 milhões para 7.684 milhões de euros, mas a empresa "mantém o seu compromisso de distribuir 100% do resultado líquido de 2020", garante.

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