Enel compra gigante brasileira Electropaulo por 1,2 mil milhões de euros

Com a compra da Eletropaulo, a Enel torna-se na maior distribuidora de energia do Brasil.
Publicado a

Depois de ter confirmado ao Dinheiro Vivo que está fora da corrida a uma OPA concorrente à EDP, a italiana Enel deu esta terça-feira conta de uma vitória do outro lado do Atlântico, onde travava com a espanhola Iberdrola uma batalha pelo controlo da maior empresa brasileira de distribuição de energia elétrica Eletropaulo Metropolitana. Em comunicado, a Enel confirmou ontem a compra de 73,38% do capital social da Eletropaulo por 1.269 milhões de euros, com um aumento de capital subsequente de 343 milhões de euros.

Com a compra da Eletropaulo, a Enel torna-se assim na maior distribuidora de energia do Brasil, um país com 17 milhões de consumidores e 20% de quota de mercado. O negócio deve ficar concluído na próxima quinta-feira, 7 de junho, com o pagamento aos acionistas e a transferência de 122.799.289 ações, revelou a Enel em comunicado. O pagamento será feiro através da Enel Américas, com sede no Chile. Os outros acionistas terão ainda 30 dias para decidir se vão ou não aderir à OPA.

Com 7,1 milhões de clientes e 43 TWh de energia distribuída, em 2017 a Eletropaulo registou lucros de cerca de três mil milhões de euros. "A Eletropaulo é um ativo estratégico para os planos de crescimento da Enel no Brasil, já que a empresa opera numa das zonas mais populosas do país, com uma urbanização crescente e um consumo de energia que deverá aumentar significativamnete nos próximos anos", disse a Enel no mesmo comunicado. Através da Enel Américas, a elétrica italiana planeia investir cerca de 1,5 mil milhões de euros nas redes de distribuição brasileiras entre 2018 and 2020.

A americana AES e o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) estão entre os principais acionistas da distribuidora de São Paulo, com 35,57% de participação na empresa. No entanto, a Eletropaulo não informou quais os acionistas que aderiram à oferta pública de aquisição.

“A aquisição da Eletropaulo é um passo importante para o nosso grupo na América Latina, reforçando a liderança no mercado brasileiro de de distribuição de energia, em linha com o plano estratégico da empresa", afirmou o CEO da Enel, Francesco Starace.

Em relação à EDP, a Enel está assim fora da corrioda. A garantia foi dada ao Dinheiro Vivo por fonte oficial da empresa, reiterando a posição já definida pelo CEO Francesco Starace de interesse apenas em aquisições de pequena escala, até um limite de 5000 milhões de euros, com especial foco na América Latina. “No que diz respeito à EDP, não comentamos rumores do mercado. A Enel não está interessada em negócios de grande escala”. Tal como fez com a Endesa, no caso da EDP a Enel preferiria fazer apenas gestão de ativos, em vez de se lançar numa OPA, garantem fontes conhecedoras do processo citadas pela Reuters. No caso de um eventual desmantelamento do Grupo EDP, na sequência da OPA, a Enel estaria então na linha da frente para comprar ativos no mercado europeu, como já tinha dito Starace em entrevista à Reuters.

Diário de Notícias
www.dn.pt