Energia contra a economia: a mais cara expulsa a mais barata

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A invasão da Ucrânia e as sanções sobre a Rússia, com particular incidência no petróleo e no gás, trouxeram um gigantesco aumento do preço da energia. Mas já antes os preços vinham subindo, devido ao aumento da procura pela reativação das economias pós-covid e ao abrandamento da oferta, efeito de vanguardistas políticas de descarbonização. Políticas que em 2015 a Economist já classificava de pouco sábias pela exigência de gigantescos subsídios à produção eólica e solar e sobretudo pelo erro grosseiro de ignorar que, na passagem das energias fósseis para as renováveis, o vento e o sol imporiam custos cada vez maiores sobre todo o sistema.

Exemplo maior do erro é a política energética portuguesa.

Os últimos quatro governos socialistas prometeram que vento e sol trariam energia barata, diminuição de importações, independência energética. Justificaram essa política de privilégio das fontes renováveis em virtuais benefícios para a economia e para os cidadãos, mas esconderam que se baseavam em tecnologias emergentes cujos elevados custos teriam de se repercutir nas tarifas, de imediato ou no futuro, produzindo energia cara, com entrada prioritária na rede a preços garantidos e fora de mercado, afastando a concorrência de fontes mais baratas. E apesar de já excederem duas vezes o consumo, a sua intermitência não dispensa importações e potências firmes que só as centrais de gás podem garantir, todavia a custos mais elevados do que as de carvão, levianamente encerradas, sobretudo, mas não só, em virtude do diferencial entre o preço do gás e o do carvão.

Assim, independentemente dos efeitos da guerra, as energias mais caras expulsaram as mais baratas, tanto as provindas das fontes renováveis como as dos combustíveis fósseis, colocando o preço no pódio dos mais elevados da Europa - e o mais caro em termos de paridade de poder de compra.

E se os aumentos conjunturais do preço provocados pela guerra irão passar, certo é que os elevados custos estruturais desta política energética radical irão permanecer e continuar a lesar a competitividade e a economia.

Bom senso, nesta emergência, seria reabrir as centrais a carvão, corrigindo o erro do encerramento prematuro.

Num país que nada polui, o oco troféu de campeão europeu da descarbonização não pode lesar mais a economia.

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