
Será que é possível reduzir a pobreza energética, que afeta cerca de 2 milhões de portugueses, com mais informação e comportamentos mais eficientes? A ENTRAJUDA, organização pioneira na inovação social, acredita que sim. Por isso acaba de lançar o projeto Energético, para “promover o conhecimento sobre o consumo mais eficiente de energia e contribuir para erradicar a pobreza energética em Portugal”.
E o que esse conhecimento nos diz é que, por falta de informação, desperdiçamos energia e pagamos por consumos que não utilizamos. “É possível poupar mais de 120 euros por ano em energia, reduzindo os consumos evitáveis”, como, por exemplo, os relacionados com os aparelhos ligados à corrente, mesmo que não estejam a uso, garante a associação liderada por Isabel Jonet.
O projeto, que arrancou na última semana com uma campanha de comunicação multimeios orientada para a necessidade de termos um consumo mais eficiente e sustentável, tem como parceiros institucionais a ADENE - Agência para a Energia e a ERSE. A ADENE vai contribuir com ações de formação e sensibilização sobre práticas mais eficientes e sustentáveis, workshops e auditorias energéticas em instituições sociais apoiadas pela Entrajuda, para melhorar a sua eficiência, entre outras ações. Entre os parceiros fundadores do projeto comprometidos em reduzir a pobreza energética contam-se também entidades como a EDP, Floene, Fundação Galp e a REN.
Esta aliança de esforços das entidades de maior relevância no setor, em Portugal, procura minorar o impacto da pobreza energética extrema, que, segundo as estimativas, atinge mais de 660 mil pessoas. “Atualmente, entre 1,1 e 2,3 milhões de portugueses vivem em situação de pobreza energética moderada”, de acordo com as estimativas avançadas pela Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2021-2050.
Se o foco imediato do projeto é combater aquela realidade, o objetivo indireto vai mais além. Também se querem induzir comportamentos que permitam mesmo baixar o consumo. Um dos objetivos é “contribuir para redução de 35% do consumo de energia primária até 2030”, tal como consta da meta prevista no Plano Nacional Integrado de Energia e Clima.
Por isso, a ideia é criar um pacto com impacto entre municípios, regiões, agentes, associações, produtores, distribuidores e consumidores, com o objetivo de mudar hábitos e promover consumos mais eficientes”, explica Isabel Jonet.
Para auxiliar os consumidores a fazerem escolhas mais informadas sobre preços de energia e potência contratada, o projeto disponibiliza, através do Portal Energético, simuladores de consumo e oferece orientações sobre as boas práticas para reduzir gastos energéticos com eletrodomésticos, como frigoríficos, máquinas de lavar roupa e loiça, fogões, em iluminação e ainda por via do isolamento adequado de portas e janelas. O portal disponibiliza ainda condições de acesso à Tarifa Social.
A pobreza energética caracteriza-se pela incapacidade de satisfazer necessidades energéticas essenciais, nomeadamente em termos de aquecimento, refrigeração, iluminação e uso de eletrodomésticos. “Tem impacto significativo na saúde, uma vez que casas demasiado frias ou quentes podem levar a problemas respiratórios, cardiovasculares e outras complicações; e no bem-estar, dado que a falta de energia adequada afeta o conforto e a qualidade de vida em casa. Também agrava as desigualdades e disparidades sociais e económicas, pelo que é importante e urgente adotar medidas que possam minimizar estes efeitos”, alerta a organização. Sem fins lucrativos, a ENTRAJUDA tem como missão apoiar outras instituições de solidariedade social, a serem mais eficazes e sustentáveis, atuando como intermediário entre as necessidades das IPSS e os recursos disponíveis, sejam eles materiais, financeiros ou humanos.
Para a sua presidente, Isabel Jonet, “as situações de pobreza energética agravam as condições de vida das pessoas que, em situação de vulnerabilidade económica e social, ficam ainda mais fragilizadas devido ao aumento do endividamento por dificuldade de pagamento das faturas de energia. Ao mesmo tempo, o futuro do nosso planeta exige ações concretas e ousadas e depende da participação ativa de todos”. Sem fins lucrativos, a ENTRAJUDA tem como missão apoiar outras instituições de solidariedade social, a serem mais eficazes e sustentáveis, atuando como intermediário entre as necessidades das IPSS e os recursos disponíveis, sejam eles materiais, financeiros ou humanos.
Também com o objetivo de aumentar a literacia e a transição energética dos portugueses, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, lançou esta semana a Rede Espaços Energia e apresentou o concurso do Fundo Ambiental destinado à constituição e operação destes espaços. Estes devem ser promovidos por municípios, freguesias, agências de energia ou outras entidades locais, tal como previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A ideia é criar balcões únicos locais para apoiar os cidadãos a tomarem medidas de eficiência energética e de transição para energias renováveis, além de fomentar comportamentos sustentáveis e promover uma maior literacia energética, indica o Ministério do Ambiente e Energia . Coordenada pela ADENE, esta Rede de Espaços Energia deverá “otimizar recursos e criar sinergias entre as entidades locais, assegurando apoio técnico e informações detalhadas aos cidadãos sobre programas de financiamento e incentivos, como os disponibilizados pelo Fundo Ambiental”, refere o Ministério do Ambiente e Energia.