Subordinado ao tema "Olhar os Desafios da Engenharia XXI", quatro engenheiros discutiram em conjunto o futuro da Engenharia na próxima década, neste que foi mais um evento online da série DV Talks. O webinar contou com a participação de Carlos Mineiro Aires, Bastonário, Miguel Castro Neto, subdiretor da Nova IMS, Francisco Ferreira, da Associação Zero e Rita Moura, da Plataforma PTPC/Cluster AEC.
No pontapé de saída deste debate, Carlos Mineiro Alves referiu que a próxima década vai representar um enorme desafio para os profissionais da Engenharia, sobretudo na fase pós-pandémica, em que estão previstos inúmeros investimentos destinados a alavancar a recuperação económica. Afirma que o país tem pela frente o desafio ambiental, o desafio da transição energética e o desafio da transformação digital, e que todas estas áreas vão necessitar de muitos recursos humanos. Para ele, o principal problema será encontrar profissionais disponíveis, sobretudo para levar a cabo o Plano de Recuperação e Resiliência, porque há falta de engenheiros. Não só pela questão demográfica, com o envelhecimento da população, como pelo facto de Portugal não criar condições para os reter no seu país, onde a formação é de grande qualidade e acabam por sair atraídos por melhores rendimentos.
Relativamente às grandes obras que Portugal terá de realizar, como o caso do novo aeroporto de Lisboa, o Bastonário entende que não deveria haver soluções do tipo Portela mais um, mas um novo aeroporto localizado no campo de tiro de Alcochete, com duas pistas. Congratula-se ainda pela decisão de criar uma linha ferroviária dedicada entre Lisboa e Porto e acredita até que se terá de fazer também uma ligação a Madrid.
Já Rita Moura defende que é importante começar a pensar numa terceira travessia sobre o Tejo ou, eventualmente, um túnel que ligue Algés a Trafaria ou outro idêntico. Refere ainda que o tecido empresarial na construção é muito fragmentado, e torna-se assim mais difícil fazer chegar a mensagem de modernização, da uniformização dos processos de gestão e as tecnologias, que são os grandes drivers da mudança. Para ela, a construção é uma indústria com um tecido empresarial muito fragmentada e torna-se assim mais difícil passar uma mensagem de modernização, de procura por soluções mais sustentáveis e da necessidade de um uso eficiente dos recursos.
Já Francisco Ferreira reitera que a eficiência é o critério absoluto para a escolha racional das diversas tecnologias, nomeadamente na questão dos recursos energéticos. Alerta ainda para o facto de o PRR ter uma vertente dirigida para a transição climática, mas alguns estados membros estão a considerar alguns financiamentos que não têm impacto de relevo nesta transição.
Relativamente às novas cidades, as chamadas smart cities, Miguel Castro Neto, coordenador do NOVA Cidade e do Urban Analytics Lab, afirma que precisamos reduzir a utilização do veículo privado nas cidades para que tenham mais espaço para que as pessoas possam ter maior qualidade de vida em comunidade, e reforça a importância de se aprofundar a parceria entre academia, empresas e municípios. Na área da transição digital identifica três importantes pilares de atuação: apostar na partilha de dados públicos e privados para alterar o paradigma das cidades, conseguir maior conetividade e apostar no talento.