Portugal regista um dos índices de envelhecimento mais elevados da Europa. Isto exige uma resposta urgente, dados os riscos para a sustentabilidade socioeconómica do país: redução da força de trabalho, quebra de produtividade, insustentabilidade do Estado social, pressão sobre o SNS… Perante estes riscos, a atitude mais sensata é encarar o envelhecimento, não como um problema, mas sim como uma oportunidade para a inovação tecnológica, o crescimento económico e a inclusão social..Antes de mais, há que valorizar o conhecimento e a experiência dos idosos, deixando de ver este grupo social como um fardo e passando a encará-lo como um recurso valioso. Importa redefinir o papel das gerações mais velhas e promover o envelhecimento ativo, incentivando a participação dos idosos no mercado de trabalho, designadamente através de ações de requalificação profissional e programas de empreendedorismo sénior. Devemos ainda apostar na mentoria geracional, para que o know-how dos mais velhos seja transmitido aos jovens..Outra aspeto a ter em conta é a silver economy, que abrange as atividades económicas dirigidas à satisfação das necessidades da população idosa. A economia da longevidade é um mercado emergente, com grande potencial de crescimento. Desde logo, porque gera sinergias com setores de grande peso económico, como a saúde e bem-estar (tecnologias assistivas, medicina preventiva, cuidados personalizados), o turismo sénior (termas, roteiros culturais, destinos adaptados), a habitação (infraestruturas e casas inteligentes) ou as tecnologias digitais (robótica, wearables, telemedicina)..A longevidade constitui, no fundo, um novo modelo de desenvolvimento sustentável, com externalidades positivas na economia (inovação tecnológica, novos mercados, empregos emergentes) e na sociedade (coesão social, infraestruturas inclusivas e acessíveis, envelhecimento ativo e saudável). Neste sentido, o envelhecimento populacional afigura-se como um desafio transformador, capaz de impulsionar o desenvolvimento económico e social..Esta deve ser a visão estratégica de um país envelhecido como Portugal. Temos de atrair investimento para a silver economy, implementar políticas públicas que promovam o envelhecimento ativo e saudável, criar incentivos fiscais para empresas que desenvolvam soluções para os mais velhos e estimular a integração dos idosos no mercado laboral. Desta forma, estamos a construir uma economia mais próspera, inovadora e sustentável e uma sociedade mais equilibrada, justa e humanista..Presidente da ANJE-Associação Nacional de Jovens Empresários