O Relatório de Planeamento do Orçamento Salarial, realizado pela WTW Portugal - empresa de consultoria, corretagem e soluções -, dá conta de que a inflação e a escassez de talentos criaram uma pressão salarial acrescida para as empresas portuguesas, que, no segundo semestre do ano passado, aumentaram significativamente os orçamentos de aumento salarial previstos para 2022.
Os aumentos salariais previstos para este ano passaram de uma média de 2,2%, em julho, para 2,5% em dezembro - o que, comparado aos aumentos salariais reais em 2021, cerca de 2,1%, é "ainda mais acentuado", refere o estudo.
Mas, ao que se devem estes aumentos sucessivos? Apesar de parecer "haver poucas dúvidas de que os custos, salários e preços estão a subir todos este ano", a resposta, de acordo Sandra Bento, Associate Director da WTW Portugal, está numa inflação mais elevada no nosso país, que este ano deve atingir os 0,9%, face aos 0,6% de 2021 - sendo uma das principais preocupações das empresas a subida dos custos de abastecimento. A somar a estes fatores há ainda a escassez de mão-de-obra e o aumento da concorrência pelo talento, que podem tornar o "mercado de trabalho mais difícil este ano", explica a empresa.
"As empresas responderam rapidamente a estas mudanças e é raro ver os orçamentos salariais previstos mudarem tanto", refere Sandra Bento, citada em comunicado, acrescentando que em determinados setores, como o tecnológico e o de produtos químicos, os aumentos salariais atingem uma dimensão ainda maior, "à medida que os empregadores tentam tirar partido das grandes oportunidades de crescimento e de um conjunto limitado de colaboradores altamente especializados".
Já a nível global, a WTW prevê que os aumentos salariais aumentem em 5,1% este ano, com uma inflação esperada nos 6,1%.
O Relatório de Planeamento do Orçamento Salarial, elaborado pela WTW, contou com a participação de 222 empresas portuguesas, que foram inquiridas acerca de orçamentos salariais e recrutamento.