Porque é que o Orçamento da Junta de Freguesia do Areeiro: O Orçamento foi digitalizado em formato imagem e, consequentemente, impede a busca por palavras ao contrário do, por exemplo, orçamento de Alvalade: onde a digitalização para PDF foi feita de forma a que é possível ler o documento como texto e, consequentemente, fazer buscas por palavras e valores? É justo dizer que outros orçamentos da cidade padecem do mesmo tipo de maleita. Mas seria mais transparente republicar este orçamento em formato de texto. A sugestão foi enviada à Junta de Freguesia e aguarda agora e, provavelmente, por muito tempo (para sempre?) por resposta mas leva-nos directamente à questão: têm os cidadãos o direito de consultarem a forma como os seus eleitos planeiam gastar o dinheiro que é posto à sua guarda e que, ao fim e ao cabo, é de todos nós? Devem os cidadãos procurarem consultar e conhecer o orçamento da sua Junta de Freguesia ou, pelo contrário, devem deixar essa tarefa - apenas - nas mãos dos seus eleitos em Assembleia de Freguesia? A questão é importante porque parece fazer entrar em colisão os princípios da Democracia Participativa com os da Democracia Representativa. Mas parece apenas: a contradição é ilusória porque por muito que incomode a alguns eleitos a vontade e a capacidade dos cidadãos para escrutinarem os seus actos e desvendarem ou exporem assim os seus erros isso na verdade não é, nos sistemas democráticos algo de radicalmente novo porque - sejamos claros - já era isso que fazia o 4º Poder (a Imprensa). Se essa pressão escrutinadora diminuiu nos últimos anos devido à grande pressão financeira que caiu sobre os maiores jornais, reduzindo o pessoal, os meios e precarizando (ou "estagiando") a maior parte dos jornalistas, a verdade é que aumentou, na inversa proporção e num fenómeno oposto que não está completamente desprovido de causalidade, a pressão das redes sociais..Graças à transparência imposta por força de lei: os contratos públicos, os ajustes directos, as "empresas amigas", as contratações suspeitas, os tráficos de influência e os desvios orçamentais estão agora ao alcance de todos os que tenham disponibilidade, tempo e paciência para o fazer. Com todas estas ferramentas resulta algo patético o esforço de dar opacidade aos orçamentos ao digitalizá-los de forma a que não seja possível fazer buscas por texto dentro do seu conteúdo. É um esforço inútil porque com paciência, tempo e muitas insónias foi possível fazer isto: docs.google.com/spreadsheets/ Azar: Junta de Freguesia do Areeiro (Lisboa).