Espanha não deverá criar listar fornecedores de alto risco das redes de telecomunicações 5G, noticiou o El Mundo na tarde de sexta-feira, uma decisão que poderá contrariar recomendações da União Europeia (UE) e que contrasta com a posição já assumida em Portugal.. “O Governo não tem qualquer intenção de listar fornecedores de alto risco, nem há uma diretriz europeia que o exija”, afirmou ao referido jornal espanhol José Luis Escrivá, ministro da Transição Digital e da Administração Pública. O mesmo jornal faz uma ligação entre o posicionamento de Madrid e uma visita recente do ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, ao país, tendo o governo espanhol apresentado o governante chinês como "parceiro estratégico". Isto a poucos dias de arrancar o Mobile World Congress, em Barcelona, a maior feira tecnológica do mundo dedicada a comunicações eletrónicas..A posição assumida não acompanha o que tem sido apontado como recomendação da Comissão Europeia. Bruxelas através, por exemplo, da Caixa de Ferramentas para o 5G sugere restrições para fornecedores considerados de alto risco. O documento não menciona qualquer empresa, mas aquele conjunto de recomendações surgiu após os Estados Unidos excluirem as chinesas Huawei e ZTE do mercado de telecomunicações norte-americano, alegado riscos para a cibersegurança, com a União Europeia a admitir receios com o tema..Para já, só dez países da UE, incluindo Portugal, avançaram com critérios para definir fornecedores de alto risco, provocando o afastamento de empresas como a Huawei e a ZTE.."A Comissão Europeia acaba de publicar uma comunicação que confirma que a decisão tomada por alguns Estados-membros de restringir ou excluir completamente a Huawei e a ZTE das suas redes 5G é justificada e está em conformidade com as regras [europeias]", disse o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, em junho de 2023, considerando adequadas as medidas adotadas por dez Estados-membros da UE..Mais tarde, em setembro de 2023, Breton defendeu: "Desde o primeiro dia, em que pusemos em prática em prática a chamada caixa de ferramentas sobre o 5G, obviamente não mencionámos nenhuma empresa, mas referimos o risco que qualquer país deve evitar ao selecionar ou ter as suas empresas a selecionar os fornecedores de risco"..Apesar do ainda primeiro-ministro, António Costa, ter rejeitado excluir a Huawei do 5G, em 2019, facto é que equipamentos da empresa foram excluídos das infraesturas de rede 5G em Portugal, por decisão, em maio de 2023, da Comissão de Avaliação de Segurança, entidade criada no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço. O teor da deliberação não nomeia quaisquer empresas, mas os critérios para identificar um fornecedor de alto risco de equipamentos de rede assenta como uma luva na Huawei..Um dos critérios que classifica uma empresa de alto risco é se a própria empresa ou fornecedores tiverem sede ou vínculo a um país que não pertença à UE, ou à OCDE ou à NATO..Em Portugal, a Huawei entrou com uma ação administrativa contra a deliberação sobre equipamentos 5G da Comissão de Avaliação de Segurança..Já neste mês de fevereiro, citado pela agência Lusa, o embaixador chinês em Portugal, Zhao Bentang, defendeu a Huawei ao afirmar: “Tratar estes temas com uma mentalidade de Guerra Fria ou intervir de uma maneira forçosa é como uma violação de regras internacionais, uma violação de benefício de outros”..Também este mês, um relatório europeu citado pelo Jornal de Negócios, dava conta que a exclusão das empresas chinesas aumenta os desafios da UE no 5G e obrigará a investimentos mais avultados. Especialistas ouvidos pelo Dinheiro Vivo já tinham alertado para este cenário, em junho de 2023.