Espírito Santo e Aman Resorts fazem hotel na Comporta. "É o local ideal para nós"

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Se não fossem as placas a dizer "Herdade da Comporta" seria muito difícil chegar ao local onde, em dezembro de 2015, vai inaugurar o primeiro hotel da Aman Resorts em Portugal. Fica na Comporta, perto da praia do Pêgo, só que escondido no meio das dunas, da vegetação e das árvores. Mas foi por isso mesmo que uma das marcas de hotéis mais luxuosas do mundo decidiu, juntamente com o Grupo Espírito Santo, desenvolver ali um projeto, o primeiro em Portugal e na Península Ibérica.

"Vim à Comporta há 20 anos e fiquei impressionado. Este local é especial. É selvagem, está intocado e tem escala", disse o fundador da Aman Resorts, Adrian Zecha, à margem da apresentação do projeto. Foi ele que, "há sete ou oito anos", incentivou o grupo Espírito Santo a fazer um hotel. "É um local ideal para a Aman." Mas ressalva: "De certeza que não terá construção a mais. Odiamos turismo com construção a mais, como o Algarve. Isso não é para nós."

É por isso que o projeto ficará a 1,2 quilómetros da praia, tal como a lei portuguesa exige, e que o hotel terá apenas 40 quartos, porque segundo Adrian Zecha, a Aman nunca constrói mais do que 50 quartos. Contudo, ao hotel irá juntar-se ainda um campo de golfe, 36 villas Aman, uma clubhouse e ainda um outro projeto do grupo Espírito Santo, de 51 villas. "Estes projetos todos só representam 8% dos 370 hectares do Comporta Dunes", disse ao Dinheiro Vivo, o CEO da Herdade da Comporta, Carlos Beirão da Veiga.

Investimento de 92 milhões

Aos 40 milhões que vai custar a construção do hotel e spa da Aman, juntam-se ainda nove milhões do campo de golfe, cinco milhões da clubhouse, 7,5 milhões das três primeiras villas Aman e ainda 37 milhões dos preços dos terrenos. Tudo junto, são 92 milhões de euros e aquilo a que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, diz ser "um dos maiores, senão o maior investimento turístico em Portugal na última década".

Apesar de a Aman ficar apenas a gerir o hotel, o grupo Espírito Santo não está sozinho. É que, apesar de ser acionista maioritário com 60%, partilhará o desenvolvimento do projeto com investidores estrangeiros e terá ainda um apoio de 16,5 milhões de euros da parte do QREN, cujo acordo foi assinado ontem com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Ainda assim, repara Beirão da Veiga, "não é preciso ter só capital para fazer um investimento destes, também é preciso coragem".

"Nunca tive falta de confiança no país"

O acordo entre a Aman Resorts e a Herdade da Comporta foi assinado em 2007, mas as duas empresas decidiram fazer um compasso de espera por causa da crise e por isso só agora decidiram avançar. Contudo, Adrian Zecha, hoje com 80 anos - metade dos quais com passagens regulares por Portugal -, nunca teve vontade de desistir.

"Nunca tive falta de confiança no país. A economia não tem a ver com a capacidade de atrair turistas", diz. E acrescenta: "É uma coisa triste de se dizer, mas em alturas de recessão há sempre um segmento do mercado que pode pagar. E ficar num hotel da Aman não tem só a ver com o preço mas com um certo de nível de bom gosto. Não é para todos. É só para alguns."

É por isso que diz, com clareza, que a Aman tem interesse em fazer mais projetos em Portugal. "Quando começamos, gostamos de fazer dois ou três projetos - e a zona do Douro é fantástica. Aquele vale é lindíssimo", remata.

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