O desenvolvimento de acessos rápidos, de banda larga, à internet é um fator crítico para o desenvolvimento do país, quer a nível da comodidade dos cidadãos, quer da criação de novas oportunidades para as empresas, e nomeadamente, também, para as empresas de media. Em Portugal, segundo um estudo recente, o serviço de acesso residencial à internet cobre 84% da população, quando a média europeia é de 91% e o acesso a banda larga móvel residencial tem uma taxa de 48% em Portugal e de 58% na Europa. Em Portugal o internet banking tem uma taxa de utilização de 47% e na Europa a média é de 57%. E em termos de comércio eletrónico a taxa de utilização em Portugal para a realização de compras é de 35%, enquanto que na Europa é de 53% e nas vendas Portugal está nos 9% e a Europa nos 19%..A introdução do 5G, segundo todos os especialistas, permitiria diminuir as assimetrias regionais e abrir novas oportunidades aos cidadãos e às empresas. E o que se passa? Portugal está na cauda da Europa no que diz respeito à nova geração de acesso móvel à internet, conhecida por 5G. Dos países da União Europeia apenas a Lituânia e Portugal ainda não concluíram o processo de atribuição de licenças. A situação não resulta de desinteresse dos operadores, nem da falta de aparelhos com essa tecnologia, nem da falta de interessados. Está na cauda da Europa porque o concurso para atribuição das novas licenças de 5G pela Anacom tem andado envolvido em polémicas, em modificações de regras e, sobretudo, em demoras. Foi no final de 2020, há quase um ano, que o processo começou, o arranque real foi em janeiro e ainda não está concluído..Recentemente Paul Milgrom, Nobel da Economia no ano passado, afirmou numa entrevista ao semanário Expresso, que o leilão da quinta geração da rede móvel (5G) em Portugal segue regras de há 30 anos pela forma como está desenhado. "Parece que não dedicaram muito pensamento ao desenho do leilão. Criei um desenho semelhante para leilões de espetro em 1993 e 1994. As regras que estão a ser usadas em Portugal são muito semelhantes às que eram usadas há 30 anos", criticou, após analisar os termos do leilão português. Em junho passado as três principais operadoras de telecomunicações, Altice, NOS e Vodafone, afirmaram que estão preparadas para lançar o 5G em Portugal logo que o concurso chegue ao seu termo..E porque é que o 5G é importante? A nova tecnologia vai trazer maior largura de banda e menor latência, o que abre portas a novos serviços para os utilizadores, mas também para as empresas. Os reflexos mais relevantes passam por um alargamento da banda larga móvel a mais zonas do país, nomeadamente no interior, o que possibilitará maior desenvolvimento de condições de trabalho remoto, novas oportunidades para empresas, além do desenvolvimento em áreas como tecnologias da saúde e serviços de emergência. E já nem se fala de que com 5G o streaming será mais rápido, o gaming mais eficiente, possibilidade de realidade aumentada e virtual à distância e, por exemplo, condução autónoma de veículos de transporte. Em Portugal o leilão propriamente dito decorre desde janeiro, naquele que já é o mais lento processo de atribuição de licenças 5G na Europa. A Suíça, por exemplo, decidiu o leilão das frequências e a atribuição de licenças em apenas um dia e até a Grécia, que costuma fazer-nos companhia nos últimos lugares da Europa, tomou a decisão após apenas seis rondas negociais..No início do ano a Anacom anunciou que esperava tomar a decisão no final do primeiro trimestre, um erro de previsão total. Novas previsões não são conhecidas, apenas muitas lamentações. SF Media