Estabilidade do imobiliário corporate continua a atrair investidores

A maior consultora nacional do mercado imobiliário tem uma nova direção à frente da área de capital markets, o setor dedicado a investidores e que crescerá neste ano para um valor acima dos 2 mil milhões de euros. Novo responsável sublinha que o Turismo vai continuar a dar cartas e a atrair investidores para o país.
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É a área corporate das consultoras imobiliárias e está em crescendo. A JLL tem um novo diretor à frente da área de capital markets, que se mantém estável e com oportunidades de investimento, apesar das consequências económicas da crise pandémica. Gonçalo Santos já estava na equipa, mas assume agora a direção desta área na consultora. O CEO, Pedro Lancastre, explica ao Dinheiro Vico a importância de capital markets, "uma área transacional, que dá apoio aos investidores nas grandes transações de imobiliário de rendimento. Gonçalo Santos, "tem não só a responsabilidade das transações de imobiliário de rendimento, como também as transações de promoção imobiliária, ou seja, venda de terreno ou venda de edifícios para serem reabilitados. É uma área corp que, no fundo, diz respeito às maiores transações do mercado e, portanto, que lida com investidores institucionais, também com family offices, podem ainda ser investidores privados, mas o grande, grande volume são os investidores institucionais que, na esmagadora maioria no mercado português, são internacionais", explica.

Gonçalo Santos, agora o novo responsável na consultora, acrescenta que o crescimento no setor se deve "ao facto de Portugal ter passado a estar muito mais no mapa, isso fez com que houvesse uma muito maior atração dos investidores em vir para o nosso país. Era um país que normalmente não ultrapassava a fasquia de um "bi", tinha havido apenas três anos que essa fasquia tinha sido ultrapassada e, de repente, este vai ser o quarto ano em que a fasquia está mais próxima dos três "bis", ao todo. Ou seja, os investidores institucionais passaram a olhar para Portugal como um sítio para estarem presentes, perceberam que é um mercado onde ainda há muito para fazer. Sentem que as empresas internacionais querem estar presentes e, portanto, precisam de escritórios em Portugal".

Este é um mercado de investimento, mas "paralelamente há o mercado de ocupação, que são as empresas multinacionais que querem também instalar-se em Portugal, e os dois mercados acabam por estar co-relacionados. O imobiliário em si é uma classe de ativos que está cada vez mais a ganhar quota de mercado a outras classes de ativos, os investidores institucionais veem que oferece segurança depois aos seus investidores e que oferece uma boa rentabilidade. Ao mesmo tempo, as taxas de juro muito baixas fizeram com que houvesse uma liquidez cada vez maior, a nível global. Há mais dinheiro para ser gasto, mais capital disponível e, portanto, Portugal, estando no mapa, acaba por beneficiar muito disso."

Assim, esta é uma área que valerá, ao todo, perto de 3 mil milhões e, só na JLL vai este ano ultrapassar os 2 mil milhões de euros de faturação, também graças ao que Gonçalo Santos define como os mercados alternativos: "aquilo que não é nem escritórios nem centros comerciais que tradicionalmente era aquilo que os investidores mais procuravam e que aglomera alguns destes novos conceitos como o call living, ou seja, edifícios residenciais construídos com o propósito de serem arrendados e depois transacionados entre investidores de cariz mais institucional, senior housing, studio housing. O senior housing nós tínhamo-lo num conceito um bocadinho menos institucional, os lares, mas as novas tendências mudaram: querem estar mais perto de centros urbanos e de serviços que facilitem a vida e que sejam mais convenientes; depois temos a assisted living que já tem algum nível de serviço médico; e temos ainda as residências de estudantes", que estão a ser também uma oportunidade de investimento.

Gonçalo Santos aponta a estratégia de crescimento para esta área a passar por questões como "a sustentabilidade" e "o enquadramento no ambiente social e de governance. Temos todos uma preocupação de longo prazo e isto é cada vez mais presente nas discussões com investidores, e ainda bem, porque só temos um planeta". Quanto a setores, "os escritórios continuam a ter muito volume de investimento disponível no mercado nacional, certamente concentrados nos dois grandes polos, Lisboa e Porto; o mercado logístico é uma tendência cada vez mais crescente, até pela "tendência do e-commerce e por se sentir que tanto algumas áreas do retalho, como o retalho alimentar, e o próprio e-commerce são grandes drivers de aumento de atividade neste setor."
O novo responsável da consultora sublinha ainda a importância do turismo, uma vez que "a hotelaria sofreu durante a pandemia, mas os fundamentais da atratividade de turistas para Portugal estão cá todos, estão muito saudáveis, muito fortes e não temos dúvidas que o setor hoteleiro vai voltar em força nos próximos anos e vai dar cartas. O investimento em hotéis, seja na requalificação de hotéis, seja na construção de novos hotéis vai manter-se bastante saudável e com muita força", afirma.

Os dois responsáveis da empresa reforçam que a fase de instabilidade que o país e a economia atravessam, devido às questões políticas, mas também ao aumento de preços de matérias-primas ou a falta de chips para produtos tecnológicos ou setor automóvel, não criam dúvidas aos investidores: "Diria que o setor dentro do capital market que mais aborda esse tema é o setor development, promoção nova, promoção imobiliária. Mas o apetite não esmoreceu nem um pouco. Do ponto de vista do investimento, a história é curta: Enquanto isto está assim do lado ocupacional, happy days! Os investidores querem é os edifícios ocupados e os inquilinos contentes e a fazer a sua atividade de forma salutar", sublinha ainda.

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