Estará já a IA a transformar a nossa forma de trabalhar?

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As nossas empresas devem rapidamente adaptar as suas estratégias para acompanhar o actual salto tecnológico.

A plataforma recentemente disponibilizada pela OpenAI foi a que mais depressa chegou ao impressionante número de 100 milhões de utilizadores. Em apenas dois meses! E não é para menos. Estamos a falar da democratização da inteligência artificial (IA). Os casos de uso são inúmeros e exemplos na Internet não param de crescer (e de nos surpreender).

Mas estarão as nossas empresas atentas a este movimento? Conseguiremos rapidamente adaptar as nossas estratégias organizacionais e as operações quotidianas a este salto tecnológico? Quais os contextos por onde poderemos começar a adoptar esta tecnologia? Que benefícios e vantagens competitivas poderemos alcançar? Quais os investimentos necessários?

São perguntas que se afiguram pertinentes e que o próprio ChatGPT se propõe responder (a algumas, pelo menos). Campos como a análise de dados, o atendimento ao cliente, a produção de conteúdo (ex. marketing), e o recrutamento e selecção de pessoas parecem ser áreas onde a utilização da inteligência artificial será mais unânime, fácil e célere. Esses quick-wins revelam-se importantes para validar a sua utilização, o que permitirá avançar com maior nível de confiança para as áreas core de negócio das organizações, onde o impacto e benefícios serão, com certeza, muito superiores.

Proponho-lhe um exercício. Desafie os seus colegas mais próximos bem como os seus departamentos de inovação, transformação e IT/SI a descobrirem casos de uso potencialmente interessantes para a aplicação desta tecnologia. Através de uma sessão de ideação, colaborativa e focada, conseguirá num par de horas identificar diversas oportunidades de melhoria.

Se possível, promova também um breve benchmark entre indústrias. O próprio ChatGPT disponibiliza essa informação, que pode depois aprofundar. Alguns exemplos:

- Retalho: optimizar cabazes de compras, melhorar as recomendações de produtos para os clientes em plataformas de comércio eletrónico, e escoar perecíveis;

- Financeiro: melhorar a precisão das previsões de mercado financeiro, ajudando os investidores a tomar decisões informadas;

- Turismo: ajudar a optimizar a experiência dos hóspedes em hotéis através de recomendações personalizadas e análise de dados de satisfação do cliente;

- Saúde: apoiar em projetos de investigação de desenvolvimento de novas terapias, maximizar a utilização dos recursos disponíveis em hospitais, melhorar o atendimento e acompanhamento do utente (antes e depois da prestação de cuidados);

- Comunicação e media: optimizar a entrega de conteúdo personalizado aos consumidores, melhorar a análise de tendências, e perspectivar oportunidades de mercado;

- Energia: optimizar a produção e distribuição de energia; maximizar o cabaz de produção considerando a eficiência e a sustentabilidade ambiental das diversas fontes;

- Manufactura: optimizar os processos de fabricação aumentando a eficiência e reduzindo os custos (fabrico, logísticos, qualidade);

- Automóvel: aumentar a segurança, eficiência e conforto dos veículos, incluindo os autónomos;

- Imobiliário: optimizar a procura e a oferta do mercado da habitação, melhorar as recomendações de imóveis para os clientes, apoiar a tomada de decisão na concepção e construção;

- Logística e transportes: optimizar as rotas, prever a procura, reduzir tempos de viagem, maximizar a eficiência da entrega;

- Educação: desenvolver programas de aprendizagem personalizados que sejam mais eficazes e acessíveis para os estudantes;

- Jogos: desenvolver jogos mais realistas e imersivos, melhorar os simuladores, aperfeiçoar a usabilidade de jogo dos jogadores;

- Marketing: analisar dados de consumos e de clientes e ajudar a identificar tendências e oportunidades de mercado, optimizar stocks, e reduzir desperdícios;

- Segurança: identificar ameaças e padrões, calcular riscos, prevenir ataques.

Se ainda não está convencido, nada como começar por experimentar em cenários pequenos e isolados, como nas suas próprias actividades diárias. Quer esteja a elaborar um documento, quer esteja em reunião ou produzir um entregável, recorra ao ChatGPT para lhe propor conteúdos e ideias de acção. Analise essa sugestão, adapte ao seu contexto e dê-lhe um toque pessoal. Compare esse resultado (em termos de qualidade e investimento/tempo) com aquele que obteria "numa situação normal", ou seja, sem IA.

Por fim, recorra a parceiros tecnológicos capazes de construir uma estratégia de adopção e de a implementar, com as devidas adaptações ao seu próprio negócio. Tratando-se de ferramentas inovadoras e disruptivas, o compromisso com o projecto e a metodologia a seguir revestem-se de capital relevância. Aconselhe-se e escolha uma empresa que, com inteligência e ética, seja capaz de lhe oferecer estas garantias (não-artificiais!). Vai provavelmente surpreender-se com o custo-benefício deste salto tecnológico. Bem-vindo ao futuro.

Gustavo Leitão, Director na Create IT

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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