O New York Times (NYT) dedica esta semana um artigo à situação grave em Portugal em torno do coronavírus (não é o único, já que muitos outros fizeram o mesmo) onde é entrevistado Siza Vieira. O artigo que tem como título "Surto de vírus em Portugal coloca os hospitais no limite" tenta explica como de uma "história de sucesso no início da pandemia", o país passou a lutar para travar a "maior taxa de mortalidade da Europa".
O ministro da Economia, em entrevista, acabou por falar em restrições não cumpridas pelos portugueses no Natal que, pelo menos oficialmente, não existiam. O NYT explica que Siza Vieira também contraiu o vírus em janeiro e justifica o aumento exponencial de casos após o Natal com "muitas pessoas em Portugal" foram ver os familiares nas férias de Natal: "As evidências da mobilidade no país mostram que as pessoas não respeitaram as restrições que colocámos em vigor", diz o ministro, sem especificar as restrições.
Apesar da redução de infeções nos últimos dias, Siza Vieira deixa ainda a indicação que se prevê "que as próximas semanas sejam complicadas".
O que Siza Vieira não explica ao NYT é que o Governo permitiu a circulação entre concelhos no Natal e isso incluiu a circulação na via pública na noite de 23 para 24 para quem estava em viagem, mas também nos dias 24 e 25 até às 02 horas da manhã do dia seguinte, com a circulação a ser proibida só no Ano Novo.
António Costa apelou ao bom senso e explicou que apesar do Governo estar "a permitir as deslocações e a permitir os encontros", "não estava a promover deslocações ou encontros".
Dias antes do Natal existiam poucas certezas sobre as recomendações oficiais do Governo e o próprio Presidente da República acabou por mostrar essa incerteza. Marcelo Rebelo de Sousa, depois de ter anunciado que se ia reunir com vários familiares em mais do que um encontro (vários almoços e jantares entre 23 e 25 de dezembro) com partes da família diferentes, deu o dito por não dito após críticas de especialistas em saúde pública.
À Renascença, fonte do gabinete do ministro Siza Vieira garantiu que "tais afirmações não configuram uma imputação de responsabilidades aos portugueses" pela mobilidade constatada especificamente no Natal. O ministério diz assim que as declarações "resultam da interpretação feita pelo jornalista do NYT".
O NYT destaca depois como Portugal passou do milagre ao colapso e se tornou o epicentro do novo coronavírus na Europa. É abordada a recente ajuda alemã, as ambulâncias à porta do Hospital Santa Maria e como a terceira vaga de covid-19 atingiu Portugal de forma devastadora.
erno, hoje, as consequências do alívio das restrições no Natal, a medida, eventualmente, não teria sido tomada".
No artigo também estão declarações de Tomás Lamas, médico que trabalha nas unidades de cuidados intensivos no Hospital Egas Moniz, que garante: "Nunca pensei que isto pudesse alguma vez acontecer em Portugal, ter pacientes a ir a vários hospitais a esperarem para ser salvos".