Há cerca de três meses, o honroso edifício de tijoleira e betão polido da Avenida da Torre de Belém, no Restelo, reabriu sob a forma de uma clínica de medicina estética avançada, que se propõe tratar holisticamente o corpo e a mente, através da combinação de tecnologia de topo e uma equipa de médicos e enfermeiros altamente qualificados. Do grego "essência", a Ousia Clinic nasceu pelas mãos de Dionísia Ferreira, ex-administradora dos CTT, com uma vasta carreira no setor bancário, e mais dois sócios, após um investimento que superou a barreira dos quatro milhões de euros.."Para o arranque do projeto recorremos a uma empresa especializada, que nos ajudou a fazer um levantamento de mercado, quer a nível nacional, como internacional", começa por contar a também CEO da clínica, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Algumas das conclusões do estudo foram decisivas na escolha do caminho a seguir: primeiramente, o facto de a estética ser um setor que vale milhares de milhões de euros e, em seguida, haver muito a fazer por esta área em Portugal. Posto isto, "por que não mudar de vida?", interrogou-se a gestora..Munida de uma pós-graduação em gestão na área da saúde, realizada na Nova SBE, em Carcavelos, e com o business case definido, Dionísia Ferreira prontificou-se a encontrar o diretor clínico ideal para o seu novo negócio - a escolha recaiu sobre Filipa Lisboa, especialista em medicina estética, com extensas formações e experiência na área. A restante equipa, ao momento composta por 22 médicos e enfermeiros, foi construída em conjunto, até porque, para o tipo de equipamentos que a Ousia disponibiliza, "profissionais qualificados são indispensáveis". O processo de recrutamento resultou de quase 40 entrevistas..Já a aparatologia que recheia os 14 gabinetes da clínica, que dispõe de um total de 1500 metros quadrados, incluindo espaços verdes, é essencialmente de origem americana, israelita, italiana, francesa e austríaca. "Visitámos as empresas que sabíamos que tinham tecnologia de ponta", prossegue a cofundadora. De um leque de 15, destacam-se equipamentos como o EmSculpt Neo, "considerado um avanço na remodelação corporal não invasiva", o EmTone, "o único equipamento que trata as cinco causas de celulite", a câmara hiperbárica, para oxigenoterapia, e a avaliação 3D, que usa inteligência artificial para indicar que tipo de tratamentos o paciente precisa de fazer no corpo ou no rosto..Filipa Lisboa sublinha que cada pessoa deve ser vista "de forma individual e integrada, para se conseguir um protocolo de tratamento não invasivo, que garanta os melhores resultados, a longo prazo, a par com o seu máximo bem-estar". Precisamente para servir este princípio, a Ousia Clinic oferece mais de 140 tratamentos, que abrangem áreas como a medicina estética avançada não invasiva, terapia anti-aging e biomodulação, medicina do sono, nutrição, psicologia clínica, mindfulness, osteopatia, transplante capilar, entre outros. Negócio vai de vento em popa.Ao fim de três meses de atividade, o negócio revela-se dentro das expectativas dos fundadores, com uma média de dez a 15 clientes a visitarem a Ousia Clinic diariamente (destes, 65% são portugueses e os restantes 35% brasileiros, espanhóis, franceses e americanos residentes). Já o valor gasto por cada um mensalmente tem-se situado entre os 300 e os mil euros, valores que, a manterem-se, fazem antever que o capital inicial investido no projeto seja recuperado num espaço de três anos. Para 2023, fazem parte das metas da clínica de medicina estética avançada atingir os 1500 clientes e a inauguração de um restaurante e de um ginásio dentro das instalações - "os elementos que faltam para fechar o ciclo do bem-estar"..Defendendo uma terapêutica 360 graus, que proporcione às pessoas o bem-estar físico e mental, a gestora acredita que pode fazer mais e melhor nesta área, tendo como plano de médio prazo tornar a clínica do Restelo numa flagship da marca e expandir o conceito para outras localidades. Com a perspetiva de que o mercado dos tratamentos não invasivos cresça cerca de 30% na próxima década, a Ousia prevê abrir, daqui a três a cinco anos, pelo menos, mais dois espaços (não necessariamente da mesma dimensão), no Porto e no Algarve. As ilhas estão também a ser consideradas.